Colunas>Sérgio Araújo
|
13 de julho de 2018
|
01:54

Eleição do deixa como está ou muda para melhorar?

Por
Sul 21
[email protected]
Eleição do deixa como está ou muda para melhorar?
Eleição do deixa como está ou muda para melhorar?
Governador José Ivo Sartori. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Sergio Araujo (*)

Se existe alguma coisa que deu certo no governo de José Ivo Sartori foi a profecia do seu ex-secretário estadual da Fazenda Giovani Feltes, que dizia que “se o Rio Grande não conhecia o caos, agora iria conhecer”. E não poderia ser diferente. Foram 43 meses de uma gestão disposta a mostrar que o fracasso não é uma consequência, mas um caminho. Só não disseram que ele nos conduziria ao abismo.

Nesse período a marca registrada do governo emedebista foi a lamúria; a destruição da máquina pública; a perseguição aos servidores do Executivo; a ausência de iniciativas propositivas e inovadoras para aumentar a receita do erário; etc. E o resultado não poderia ser outro se não uma sucessão de erros e equívocos. E fracassos.

O “não tem dinheiro” se transformou no salvo-conduto para a incompetência gerencial e para a tomada de medidas lesa-Estado, como o fechamento de escolas, a extinção de fundações de pesquisa, o parcelamento de salários, o aumento de impostos e outras tantas. Tudo com a incompreensível complacência da grande imprensa e dos grandes grupos empresariais. Uma parceria onde a sistemática que vige é a do eu te apoio e tu não cobra a minha dívida com o fisco e ainda por cima continua me beneficiando com isenções fiscais.

E para piorar a situação, estamos diante de um governo que no fim do mandato ainda não disse a que veio e que durante todo o tempo se mostrou surdo e insensível aos clamores da população. Comandado por um governador invisível, que não se comunica com a população – até hoje não se desculpou com o funcionalismo pela forma cruel como trata a categoria – e não demonstra sensibilidade cidadã, a ponto de não comparecer nas localidades afetadas pelo tornado que ceifou vidas e deixou milhares de gaúchos desabrigados no mês de junho próximo passado.

Aliás, cheiro de povo parece não ser do agrado das gestões emedebistas, que prefere adotar postura ditatorial nas suas relações com a sociedade, deixando-a a margem das discussões dos grandes projetos, e com o Poder Legislativo, a quem impõe projetos de lei sem dar tempo para discussão do mérito.

Mas como para o trôpego calçada é obstáculo, mesmo nos seus rompantes de autoritarismo, o governo só tem colecionado reveses. O mais recente refere-se a venda de ações do Banrisul, realizada em abril, que está sendo investigada pela Comissão de valores Imobiliários, Ministério Público e Polícia Federal. Sem falar nas diversas derrotas judiciais sofridas na transloucada obsessão pela extinção de estatais e supressão de conquistas trabalhistas do funcionalismo.

Outro exemplo de desinteresse pelos grandes temas de interesse popular é o total descaso para com o abandono gerencial do trecho rodoviário de maior movimentação do estado e principal corredor de exportação, a BR-290, conhecida como Freeway, entre Guaíba e Osório. Nenhuma palavra e nenhuma atitude.

Isso sem falar na propalada inclusão do Rio Grande do Sul no Regime de Recuperação Fiscal, uma espécie de remake da negociação da dívida para com a União, promovida pelo governo Britto, vista pelo Piratini como a “tábua de salvação”, que de novela se transformou em filme de terror, com roteiro indefinido.

Pois apesar desse rol de insucessos, o PMDB quer mais quatro anos de governo. Com Sartori novamente a frente do Governo do Estado. E com a desfaçatez que lhe é peculiar, deu um jeito de aprovar, com a ajuda de partidos que irão ter candidatura própria na eleição de outubro, especialmente PSDB e PP, o projeto que estabelece a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2019. Nela, dentre as inúmeras medidas recessivas, está o congelamento (pelo quinto ano consecutivo) dos salários dos servidores estaduais.

Ou seja, desta feita o MDB resolveu mostrar os dentes antes mesmo de dar a mordida, contrariando a estratégia enigmática da campanha de 2014, onde Sartori nada disse e pouco se comprometeu. Resta saber se a mudança de postura é um indicativo de soberba ou de afronta ao eleitor? Independente da classificação, o jeito emedebista de governar parece estar fazendo eco nas manifestações dos pré-candidatos cujos partidos integraram a base governista até pouco tempo. Tudo muito parecido. Tudo muito preocupante. Mais do mesmo, é tudo o que os gaúchos não desejam e é tudo o que o Rio Grande não precisa.

(*) Jornalista

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora