Sergio Araújo (*)
Embora os mais afoitos, leitores usuais de manchetes, estejam comemorando ou lamentando o resultado do pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, divulgada ontem, o fato é que o números não condizem com a percepção que os gaúchos estão tendo do atual momento político no Rio Grande do Sul. Antes de mais nada, olhem com atenção o quadro abaixo:
Vamos lá. Causa surpresa a primeira posição de Sartori? Sim e não. Sim, porque todas as pesquisas de avaliação do seu governo apresentaram um elevadíssimo grau de insatisfação. Na própria pesquisa Paraná, sua administração obteve nos critérios bom e o ótimo apenas 18,3% e nos critérios regular, ruim e péssimo, 80,1%. Não, porque dos os nove citados na pesquisa somente ele e Roberto Robaina participaram da eleição de 2014.
O que isso tem a ver? Tem a ver com fixação de imagem. Sartori gozou de todos os benefícios que um candidato de partido grande pode desfrutar. Percorreu todo o estado, subiu em palanque, participou de debates e, principalmente, teve meses de aparição na propaganda eleitoral de rádio e televisão. Os outros pré-candidatos não.
Ora, quando você apresenta uma lista onde a imensa maioria dos seus integrantes ainda é pouco conhecida é mais do que natural a identificação com um nome já familiar. Além disso, Sartori teve a seu favor, enquanto governador, todas as regalias do cargo, o que lhe proporcionou uma visibilidade ainda maior.
E os demais? Tábua rasa de visibilidade. Com exceção daqueles que ocuparam cargos públicos, como prefeito e parlamentar. Mas mesmo assim, nada comparável com o espaço midiático usufruído por Sartori. Isto sem falar na “milagrosa caneta” símbolo do poder, uma espécie de lâmpada de Aladim, capaz de atender os pedidos dos amigos e exterminar inimigos.
Mas como tudo tem um porém, usar inadequadamente todo esse arsenal de benefícios pode acarretar problemas e descontentamentos. E foi exatamente isso que aconteceu. Num rápida análise da gestão emedebista percebe-se, com facilidade, que a coluna de perdas é maior do que a de ganhos. E aí está a razão do elevado grau de insatisfação que Sartori obteve na pesquisa: 51,5%. Ao ocupante do primeiro lugar na pesquisa o troféu de campeão de rejeição. E rejeição, fazendo uma analogia com os dentes de um castor, vai roendo aos pouquinhos até derrubar a árvore.
E foi essa trôpega e enfadonha trajetória que gerou o título deste artigo. A campanha ainda nem começou e Sartori já atingiu o máximo da sua condição de candidato campeão de rejeição. Ou seja, com tendência a cair pesquisa após pesquisa. E como ele já mostrou que não é bom de debate, não sabe expressar com clareza as suas ideias e não conseguiu fazer uma gestão que caísse ao gosto da população, arrisco dizer que ele corre sério risco de não ir para o segundo turno. Até porque já esgotou sua cota de milagres eleitorais. Então só restará aos gaúchos aguardar as urnas proclamarem: “o rei morreu, viva o rei.”
(*) Jornalista
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