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7 de março de 2018
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16:50

RS em estado de insegurança

Por
Sul 21
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RS em estado de insegurança
RS em estado de insegurança
“Nos 65 dias deste ano, se nos fixarmos apenas nos crimes à estabelecimentos bancários, já foram realizados dez assaltos, numa média de um por semana.” (Foto: Joana Berwanger/Sul21)

Sergio Araujo (*)

Lembram daquela sensação de paz e de tranquilidade vivida pelos moradores das cidades interioranas do Rio Grande do Sul? Esqueçam, acabou. A insegurança ocupou o seu lugar. Exagero? Então diga qual é a diferença, por exemplo, de quem é vítima de arrastão criminoso no Rio de Janeiro e de quem serviu de escudo humano para o roubo de bancos em pequenas cidades do interior do estado? Nenhuma.

Ou alguém acha normal ser acordado na madrugada por uma explosão de caixa eletrônico? Ou ouvir rajadas de metralhadoras em pleno horário de expediente? Se existe alguma unanimidade emocional é a sensação de insegurança, antes predominante apenas nas grandes cidades e que agora se disseminou por todo o território gaúcho.

Nos 65 dias deste ano, se nos fixarmos apenas nos crimes à estabelecimentos bancários, já foram realizados dez assaltos, numa média de um por semana. Destes, apenas um foi em Porto Alegre. Os outros nove foram em São José do Hortêncio, Piratini, Três Palmeiras, Braga, Taquari, Guaíba, Santa Clara do Sul e Mata (duas vezes). Desse jeito, o número recorde de assaltos à banco alcançado em 2017 (quase 70) deve ser facilmente batido.

Ora, qualquer ingênuo sabe que “a ocasião faz o ladrão”. A praticamente inexistente estrutura policial na maioria dos municípios do Rio Grande, com efetivo e equipamentos insuficientes, serve como atrativo para a pratica de crimes. Um atrativo irresistível para a bandidagem. Algo como “dar tapa em cego”. Ou se quiserem, “mel na chupeta”.

E o que faz o governo do Estado? Arruma desculpas. Fosse realmente produtivo e eficaz, já teria estancado o avanço da criminalidade estado à fora. Mas não, está preocupado em fechar escolas, extinguir órgãos públicos e retirar conquistas do funcionalismo, como se isso fizesse diferença no atendimento das necessidades mais básicas da população que são a saúde, a educação e a segurança. Quem sabe ao invés de incessantemente repetir o mantra da falta de dinheiro o governo estadual não procura inovar em inteligência e criatividade? Pois é, mas preferiu fechar as fundações de pesquisa.

Óbvio que existe uma inter-relação entre as três áreas de responsabilidade direta do Estado (Educação, Saúde e Segurança), mas a garantia à vida deve estar sempre em primeiro lugar. Vivemos uma situação de emergência. Isso é inquestionável. Sem segurança não se tem a garantia de chegar à escola ou dela voltar vivo. Sem segurança não há garantia de que haverá leitos hospitalares suficientes para o atendimento das vítimas da bandidagem. E sem segurança a quem faz segurança não existe garantia de proteção.

De nada adianta o discurso estéril e o imaginário ilusório de que o Rio Grande ainda não atingiu o patamar de gravidade de estados como o Rio de Janeiro, São Paulo e alguns estados do Nordeste. Se ainda não nos equiparamos, estamos muito próximos disso. Basta insistir nos equívocos e na imobilidade dominante. Ou será que o ajoelhamento na busca da ajuda financeira da União, o tal Regime de Recuperação Fiscal, terá que ser reproduzido numa intervenção federal na área da segurança?

Mas como disse o polêmico Barão de Itararé (Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly) “de onde menos se espera, daí é que não sai nada”. Se Sartori até agora não conseguiu estancar, ou no mínimo reduzir, os índices de criminalidade, não será nos dez meses que lhe restam que conseguirá mostrar serviço. Até lá, que as forças do universo e a resistência policialesca nos guarde e nos ajude. E que a urna nos indique o caminho da salvação.

(*) Jornalista


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