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6 de setembro de 2019
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13:42

O Grito das Excluídas e dos Excluídos

Por
Sul 21
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O Grito das Excluídas e dos Excluídos
O Grito das Excluídas e dos Excluídos
Reprodução

Selvino Heck (*)

Gritos de todos os tons, matizes, origens estão no ar e nas ruas, no campo e na cidade, nas periferias e nas escolas, nas igrejas e nas comunidades, nos movimentos, nas mobilizações e nas lutas.

O Grito dos Excluídos e das Excluídas, organizado desde 1995 pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e pastorais sociais no dia 7 de setembro, proclama: POR DIREITOS E DEMOCRACIA, A LUTA É TODO DIA – Vida em primeiro lugar! E canta no seu hino: “As mulheres vão, os homens também/ Não pode faltar ninguém no Grito das Excluídas/ Os jovens vão, as crianças também/ Não pode faltar ninguém no Grito dos Excluídos.”

O Grito abraça todas as cores, todos os credos, todas as lutas, todas as mobilizações, todos os sonhos, todas as utopias. É para chorar, mas não só para chorar. É para celebrar, mas não apenas para celebrar. É para gritar não, mas não apenas para gritar não. É para gritar sim, mas não apenas para gritar sim. É para convocar para a luta, mas não apenas convocar para a luta. Será do contra, mas não será só do contra. Será a favor, mas não será só a favor.

A ressurreição dos excluídos e das excluídas, milhares e que estão voltando a ser milhões no Brasil de hoje – sem terras, população em situação de rua, negros e negras, sem teto, povo LGBTT, desempregadas/os, recicladoras/es, carrinheiros, quilombolas, catadoras/es, indígenas, jovens pretos e pobres, agricultoras/es familiares, o povo da Economia Solidária, trabalhadoras/es, todos os oprimidos e lascados que buscam e exigem vida, vida em abundância -, haverá de acontecer no Grito e na rua. Por isso, não será só dia de choro, mas também será de alegria, não será só dia de morte, mas também de vida e ressurreição.

O Grito vai acontecer em muitas cidades deste país-continente. Será futuro, será esperança. Será a favor da revolução dos direitos e da dignidade, da soberania, da igualdade, da democracia. Diz o hino do Grito: “O Brasil está sendo golpeado/ e o povo pagando o pato/ Saquearam a democracia/ sem direito à aposentadoria/ Saúde, educação/moradia e ter dignidade/melhorar a vida do povo/no campo e na cidade/ Por direitos e democracia/ a luta é todo dia.”

Diz o Grito: “Esse Sistema não Vale! Tem muita coisa que Não Vale! Não vale o machismo, a opressão, a corrupção. Não vale a exploração, o suborno, a violência. Não vale nenhuma forma de preconceito, nenhuma arma ou intimidação. Não à militarização dos nossos territórios, das nossas periferias. Não ao racismo e à xenofobia!

Livres, defendemos a união, a sabedoria, o direito de ser e de se manifestar. Em um país verdadeiramente democrático tem que valer a justiça, a consciência de classe, a solidariedade, a partilha. Tem que valer o respeito, a inclusão de todas e todos, a organização comunitária popular, a economia solidária, a participação política e social das trabalhadoras e trabalhadores empobrecidos. No Brasil, tem que valer a luta das juventudes, das mulheres da cidade e do campo, em defesa de um verdadeiro Estado democrático de direito.”

Vida em primeiro lugar. Vida em abundância, disse Jesus. Todas e todos no Grito das Excluídas e dos Excluídos, em 7 de setembro nas Vilas Santo Operário e União dos Operários e nas comunidades de Canoas. Os gritos são para serem ouvidos. Os gritos são para serem celebrados. Os gritos são horizonte de luz e esperança. Os gritos são a utopia chegando, o Reino acontecendo, a vida plena e digna de todas e todos, sem mais excluídas, sem mais excluídos, sem mais pobreza, sem miséria, sem fome, sem desigualdade, sem injustiça e opressão. Os gritos são de liberdade, de direitos, são de inclusão, são de justiça e igualdade. Os gritos são de irmãs e irmãos que se abraçam e caminham juntos. Ninguém solta a mão de ninguém.

(*) Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990). Membro da Coordenação estadual e Nacional do Movimento Fé e Política.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.

 


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