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5 de abril de 2019
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13:16

O líder e a história

Por
Sul 21
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O líder e a história
O líder e a história
(Foto: Ricardo Stuckert/IL)

Selvino Heck (*)

“Lula está com alto astral. Até parece que quem está preso há um ano sou eu e não ele. Pergunta sobre todo mundo, sabe de tudo que está acontecendo. Lê muito, manda mensagens. Diz que a hora é de estar menos nas redes sociais e no whatsapp, e conversar mais com as pessoas, olho no olho, fazer banquinhas na rua para explicar à população a proposta de Reforma da Previdência, que só vai prejudicar o povo pobre e os trabalhadores. Ele acha que o tema da soberania nacional é fundamental neste momento da história brasileira, e que o Haddad precisa encontrar de novo com os artistas e rodar o Brasil para debater estes temas da Reforma da Previdência e soberania, entre outros, não perder o contato com o povo e seus problemas do cotidiano, como disse Mano Brown. É preciso fazer a disputa de ideias e valores.”

O relato acima é de Luiz Soares Dulci, vice-presidente nacional do PT e da equipe do Instituto Lula, dias atrás, em almoço no Chalé da Praça XV, durante visita a Porto Alegre, após encontro com Lula na prisão em 28 de março.

Quem, como Lula, tem autoridade, mesmo preso há um ano, visto apenas uma vez neste período, quando foi ao velório do neto, mas atento mais que nunca aos fatos e à conjuntura, de dar opiniões e fazer uma análise profunda e correta, como relatou Dulci?

Quem é capaz de receber todos os que o visitam com fraternidade e ‘alto astral’, animando mais os visitantes que estes a quem está preso injustamente, como é o relato de todas e todos que o encontram e com ele conversam pessoalmente?

Qual líder é capaz de captar de dentro da cadeia, melhor que ninguém, o que está acontecendo nas ruas e na sociedade?

Qual líder tem a capacidade de perceber os humores do povo, mesmo à distância, de refletir o que as pessoas pensam e sentem, de indicar os caminhos a seguir?

Só um líder que dispensa qualquer possibilidade ou hipótese de pedir asilo em qualquer dos muitos países que o receberiam de braços abertos.

Só um líder que não aceita sair da prisão para ir para casa com tornozeleira. Nas suas palavras: “Não negocio a minha dignidade nem mesmo em troca da liberdade.”

Um líder que mantém a altivez, a determinação, a coragem, a lucidez que só um líder como ele é capaz.

Um líder que oferece luz, mostra futuro, espalha esperança.

Qual líder sai criança do Nordeste, faz o curso do SENAI, torna-se líder dos metalúrgicos, líder maior de um partido de trabalhadoras e trabalhadores, e vira referência mundial?

Qual líder e presidente da República, num país como o Brasil, onde os tempos de democracia são muito menores que os tempos de golpes e ditadura, consegue sair aplaudido depois de dois governos, eleger sua sucessora duas vezes, pela primeira vez na história uma mulher?

Qual líder, senão um preso político, consegue manter um Acampamento e Vigília à porta da sua cadeia, na frente da sede da Polícia Federal em Curitiba, durante um ano, com mobilizações diárias, com bom dia presidente, boa tarde presidente, boa noite presidente todos os dias, há 363 dias, sem parar, a militância cada vez mais acesa, cada vez mais gente em Curitiba, como será nos próximos dias, como vem sendo no Brasil inteiro, e até no mundo todo?

Em que país do mundo, em que ano da história, em que época, em que século?

Qual líder e preso político consegue, depois de um ano de cadeia, mobilizar multidões numa Caravana pelo Sul do Brasil, com o tema ‘Por Democracia e pelo Direito à Aposentadoria’ em Porto Alegre dia 5 de abril, ‘Previdência social e Lula Livre’ em Florianópolis em 6 de abril, ‘Democracia, Justiça e Lula Livre’ em Curitiba, 7 de abril?

Um homem preso, que não se deixa abalar definitivamente depois da morte de dona Marisa, do irmão Vavá, sem poder ir ao seu velório e enterro, que perde um neto, e sobrevive, com toda dor e toda injustiça. Quem? Qual líder?

Em suas palavras: “Eu quero sair, sim, mas para viajar pelo Brasil e levar de novo a mensagem da esperança: o brasileiro precisa saber de alguém que lhe diga da grandeza deste país, de lembrar a sua força e que ele precisa acreditar em si mesmo.”

Lula já entrou para a História, independentemente do que lhe acontecer, mesmo que fique preso o resto da vida, ou do que fizer daqui para frente. Quem tirou o Brasil do Mapa da Fome segundo a ONU, quem colocou, pela primeira vez na história brasileira, os pobres e os negros na Universidade de forma massiva, quem trouxe respeito ao Brasil em todas as latitudes e com todos os governantes do mundo, quem integrou a América Latina e o Caribe, quem fez do Brasil uma Nação soberana, quem garantiu a democracia e deu dignidade ao povo brasileiro, está na História e dela não sairá nunca mais, com sua marca, seu olhar generoso, sua ousadia, seus sonhos, sua dignidade.

LULA LIVRE!

(*) Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990). Em cinco de abril de dois mil e dezenove

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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