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8 de março de 2019
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13:14

Reforma da Previdência: pólo de resistência e mobilização

Por
Sul 21
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Reforma da Previdência: pólo de resistência e mobilização
Reforma da Previdência: pólo de resistência e mobilização
Coletiva de organização do 8 de março em Porto Alegre. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Selvino Heck (*)

Depois de tudo que aconteceu no carnaval, com seus múltiplos recados – a dignidade de Lula no velório do neto Arthur, as boçalidades do Presidente da República, a vitória da Mangueira falando de Marias e Marielles -, março chegou, 2019 começa pra valer no dito popular. A pergunta de muitos na Romaria da Terra, terça-feira de carnaval, em Itacurubi, RS, era: Para onde vamos? Para onde vai o Brasil? Que será do povo brasileiro? Como vamos sair dessa? Vai melhorar ou piorar? ‘Ele’ se sustenta?

Em apenas dois meses de 2019, muita coisa já aconteceu: lançamento da Campanha da Fraternidade/2019 falando de políticas públicas, Romaria da Terra no Assentamento Conquista da Luta em Itacurubi, RS, com o tema ‘Alimentação saudável’, 8 de março e as mulheres na rua, um BANQUETAÇO contra a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), a dor da morte de Arthur e o grito de Lula Livre, e mil outras coisas nestes tempos conturbados e imprevisíveis.

Está sendo cada vez mais urgente e necessário algo como uma Diretas Já, de uma Constituinte livre e soberana, da energia das eleições de 1989, lutas e mobilizações unificadoras dos anos 1980. Podem/devem ser a luta e mobilização contra a Reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro e seus aliados do grande capital e da mídia.

Não por acaso Rede Globo e Cia. Ltda. falam o dia inteiro e o tempo todo da necessidade e urgência da Reforma da Previdência. Seria/será a salvação da lavoura e da pátria na ótica deles, não na ótica do povo trabalhador. Dizem que, sem a Reforma da Previdência, o Brasil vai para o fundo do poço, não tem crescimento econômico, aprofunda-se na crise e não tem saída. É a bandeira principal deles, senão a única.

Se a bandeira da Reforma da Previdência é a bandeira do lado de lá, a luta e mobilização contra a Reforma da Previdência podem e precisam ser também a bandeira principal e unificada do lado de cá, do campo popular e democrático.

A luta e mobilização contra a Reforma da Previdência permitem o debate sobre os direitos, a vida, a justiça, a igualdade. Abrem espaço para desnudar privilégios, para o debate sobre a crise e o desemprego, a violência que cresce, a pobreza e a fome que se aprofundam, a precarização do trabalho e do emprego, a falta de perspectiva da juventude, a concentração de renda, os lucros nababescos do setor financeiro, a brutal desigualdade econômica e social, o fim das políticas públicas com participação social e popular.

A luta e mobilização contra a Reforma da Previdência unificam: trabalhadoras e trabalhadores, mulheres, jovens, aposentadas/os, agricultoras/as familiares e camponesas/es, população em situação de rua, servidores públicos, importantes setores da classe média. Só não é bandeira, felizmente, de banqueiros, latifundiários, do grande capital, da mídia, dos jogadores da Bolsa de Valores, os eternos donos do Brasil, que nunca distribuíram a renda, a riqueza e o poder. E que, toda vez que isso estava no horizonte – a distribuição da renda, da riqueza e do poder -, aplicaram golpes e instituíram ditaduras.

A luta e a mobilização contra a Reforma da Previdência têm a capacidade de articular todas as Frentes, os movimentos populares do campo e da cidade, o movimento sindical, as igrejas e pastorais, as organizações de bairro, na prática e no cotidiano: por direitos, vida digna, igualdade, justiça, articulam a CF/2019 da Igreja católica por Fraternidade e Políticas Públicas, estimulam a participação e o envolvimento de todas e todos, dos milhões que serão atingidos, desnudam o poder estabelecido, tornam concreta a luta por democracia.

A luta e a mobilização contra a Reforma da Previdência podem/devem combinar a luta por Lula Livre, podem/devem combinar a luta global e unificadora com as lutas locais, abrem horizontes de esperança de que o povo trabalhador é capaz de resistir e, além de resistir, está do lado da democracia, e quer, e luta por um Brasil justo e uma Nação soberana.

VIVA AS MULHERES! VIVA O DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES!

(*) Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990). Em oito de março de dois mil e dezenove.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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