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11 de outubro de 2018
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14:11

Preparemo-nos! (4) A onda vermelha

Por
Sul 21
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Preparemo-nos! (4) A onda vermelha
Preparemo-nos! (4) A onda vermelha
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Selvino Heck (*)

Onde há/houver ódio, prego amor. Onde há/houver guerra, prego paz. Onde há/houver intolerância, prego o respeito à diferença. Onde há/houver morte, prego vida.

Para quem viveu na ditadura militar e foi perseguido de diversas formas, outros/muitos foram presos, assassinados, exilados, ou sofreu as consequências da repressão e da censura, parece que a história do Brasil vive se repetindo. Quando o povo respira um pouco de ar fresco e puro, o tacão do autoritarismo volta ou ameaça voltar a bater nas costas de todo mundo.

A hora é grave, muito grave, todas e todos sabemos. E o experimentamos todos os dias: quando sentimos medo de ir às ruas no trajeto que fazíamos sozinhos e tranquilamente há pouco tempo atrás. Ou só saímos em determinados lugares em grupo, acompanhados. Quando vemos minguar o emprego para muita gente, quando a pobreza está atirada na porta de nossas casas, quando a dignidade de um povo está sendo esmigalhada de novo pela fome, quando a intolerância acontece a cada esquina, quando até relações familiares estão esgarçadas. Quando não temos certeza do amanhã ou não enxergamos luz no horizonte.

Mas se a hora é grave, também não é hora de desesperar. O povo brasileiro sempre soube superar os momentos mais difíceis, soube achar caminhos, não só de sobrevivência, mas de enfrentamento das adversidades, de construção do novo, de sonhar com o futuro.

Antes de tudo, quem está do lado da igualdade, da justiça, da solidariedade entre irmãos e irmãs, precisa dar-se as mãos, olhar no olho de quem está do lado, abraçar-se e dizer: ‘tamo junto’. Nada há que nos faça esmorecer ou nos tirar do bom caminho.

Todos e todas que acreditam na democracia estão chamados/convocados a se unirem numa Frente Democrática e Popular. E são muitas as democratas, são muitos os democratas que, apesar ou além de pensamentos diferentes, sabem que há um país, há uma Nação que precisam ser garantidos, e que tudo isso vai muito além do dia 28 de outubro de 2018 ou de uma eleição.

Ainda que esta eleição seja muito mais que uma simples eleição, tão ou mais importante que a de 1989, primeira eleição direta para presidente depois de longa ditadura. Esta eleição decide muito mais que um Presidente da República. Re-úne rua, instituição, movimento, Estado, sociedade, num momento histórico que pode levar adiante o Brasil na construção da democracia, ou levar a um lugar/situação que não se tem nenhuma ideia de qual ou como será.

Ninguém pode ficar alheio ou deixar de tomar posição. Lideranças, intelectuais, padres, pastores e pastoras, bispos, leigas e leigos, estudantes, escritores e escritoras, advogadas e advogados, profissionais da saúde, funcionárias e funcionários públicos, professoras  e professores precisam fazer a escolha e lutar por ela, conversar com as pessoas, ouvir as angústias e dúvidas de muitas gente explicar o que está acontecendo, colocar-se a favor dos direitos do povo, especialmente dos mais pobres e dos que mais precisam e de um país-continente chamado Brasil.

A onda vermelha da indignação, da luta, da coragem das mulheres, do sonho e da liberdade vai crescer nos próximos 14 dias. Mas não será apenas uma onda vermelha. Será também verde-amarela de brasilidade, verde das árvores, bosques, plantas florestas, amarela do sol que brilha a maior parte do tempo, amarela da luz que brilha nos corações nos espíritos da gente brasileira. E será branca, encharcada de paz e igualdade, tomada pela cordialidade, pela simplicidade, pela alegria das crianças e dos jovens. E será tomada pela gente feliz, pelo povo em festa, e tornada vermelha, verde-amarela e branca, a tomar conta das manhãs, dos dias, das madrugadas, e a festejar um tempo novo de justiça e democracia.

Onde há/houver exclusão, prego identidade. Onde há/houver separação, prego unidade. Onde há/houver ameaça de ditadura, prego democracia.

(*) Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.

 


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