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2 de agosto de 2017
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10:00

Venezuela hoje

Por
Sul 21
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Paulo Timm

Bolivarismo – Coletanea P. Timm org.
http://www.paulotimm.com.br/site/downloads/lib/pastaup/Obras%20do%20Timm/160210071414Bolivarismo_mundo_afora.pdf

Venezuela hoje. Coletanea P. Timm org.
http://www.paulotimm.com.br/site/downloads/lib/pastaup/Obras%20do%20Timm/170731091747Venezuela_2017_pdf.pdf

O mundo acompanha com atenção e preocupações o desenrolar dos acontecimentos na Venezuela. Crise com risco de guerra civil. A imprensa ocidental, como diz Boaventura de Souza Santos em recente avaliação da questão venezuelana não foge aos preconceitos contra o Bolivarismo, como expressão latinoamericana da esquerda nas últimas décadas.

Foto: ABr

A questão não é simples e vários analistas de esquerda na A.Latina também expressam seu descontentamento como o Presidente Maduro vem conduzindo os destinos do país irmão.

A Venezuela, na verdade, é vítima de uma concepção da esquerda continental, fortemente influenciada pela Teologia da Libertação, de promoção prioritária da Justiça Social antes da promoção do desenvolvimento econômico. Tem sólidos fundamentos éticos no campo dos LOUCOS POR JUSTIÇA, uma tendência que vem crescendo na pena de vários filósofos contemporâneos alarmados com a brutal concentração de renda, poder e prestígio no mundo ocidental.  As experiências bolivarianas, malgrado as críticas ao seu populismo,  apresenta, não obstante,  resultados sociais inequívocos. Na Venezuela, a renda per capita cresceu, por exemplo, 5% entre 1990-2015, junto com outros indicadores humanitários positivos. Mas isso foi insuficiente, porém,  para um dar um salto significativo no IDH e crescimento de longo prazo. Aliás, as transformações estruturais na Venezuela bolivariana são sofríveis. É Tarso Genro que o diz em seu recente artigo “Maduros e velhacos_ Brasil e Venezuela:

“Na Venezuela, temos um processo de crise diferente do nosso. A renda do petróleo, socializada sem previsibilidade pelos governos Chavez, contrariamente – por exemplo – ao que a Noruega fez depois das formidáveis descobertas de petróleo no Mar do Norte, levou rapidamente à crise aquele modelo distributivo. O Estado não induziu um modelo dinâmico e produtivo, capaz de reestruturar a sociedade de classes, na Venezuela, de molde a construir um novo bloco hegemônico. Bloco, de um lado, capaz de dar sustentação a uma revolução econômica, para proporcionar alimentos e educação, para os milhões de pobres, de maneira sustentável e, de outro,  capaz de manter as classes médias relativamente estabilizadas, como ocorreu nos primeiros Governos da Revolução Bolivariana”.

(Maduros e velhacos: Brasil e Venezuela)

Publicado julho 31, 2017 – https://www.sul21.com.br/jornal/maduros-e-velhacos-brasil-e-venezuela/

Lênin, a propósito, consagrou a ideia de que COMUNISMO É IGUAL A SOVIETS MAIS ELETRICIDADE. Ou seja, construção de poder popular mais tecnologia e desenvolvimento econômico. O problema, como advertiu Lênin, ao propor a NEP, que era um retorno de emergência ao capitalismo no campo, é que, na A.Latina, este desenvolvimento passa por políticas de aliança com setores da burguesia proprietária e da classe média e isso exige não só grande habilidade política como nenhuma garantia de sucesso. Vide exemplo recente do Brasil. Mas se queremos avançar, o confronto campal e eventual guerra civil, alem das duras perdas humanas, dificilmente serão favoráveis à esquerda. Os tempos atuais, na ausência de retaguardas, são difíceis… Não sou militante, nem ativista político, apenas um velho economista, sobrevivente da geração “desenvolvimentista” hoje estigmatizada. De minhas perguntas à História atual só recolho, como diria Cecília Meireles, mais indagações. E as redistribuo como sementes aos ventos…

.oOo.

Paulo Timm é economista, pós-graduado CEPAL/ESCOLATINA – Prof. aposentado da UnB . Fundador do PDT.


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