Manuela D’Ávila
A política de Estado Mínimo e retrocesso promovida por Temer coloca em risco o funcionamento de universidades e institutos federais no Rio Grande do Sul. O prejuízo não se reserva somente aos alunos, mas sim ao desenvolvimento das regiões que abrigam estas instituições. No interior do Estado, universidade funcionando é sinônimo de aquecimento da economia e possibilidade de permanência dos jovens em sua cidade. Impossível não pensar que os mais de R$ 50 milhões encontrados no “bunker” de Geddel Vieira Lima, braço direito do presidente, e tantas outras quantias referentes à ilicitudes, poderiam dar um alívio ou resolver o problema orçamentário dessas instituições.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) é uma das que sofre para manter as contas em dia. Diante dos contingenciamentos orçamentários e dos cortes, a instituição terá sérias dificuldades para pagar os terceirizados a partir de setembro. A situação é ainda mais grave por causa da Emenda Constitucional 95, que determinou o congelamento de investimentos em educação, saúde e infraestrutura nos próximos 20 anos. A UFRGS trabalha com um orçamento de R$ 15 milhões a menos do que o executado no ano passado. Neste ano, o governo estimou R$ 178 milhões para a Universidade, sendo R$ 165 milhões para custeio e apenas R$ 13 milhões previstos para despesas de capital.
No Interior, a situação é ainda pior. Os outros oito institutos e universidades federais sediados no Rio Grande do Sul também apresentam dificuldades orçamentárias. Todas as universidades receberam menos recursos em 2017 se comparado a exercícios anteriores, resultando em prejuízos nas áreas de pesquisa, inovação, manutenção e infraestrutura. Todas elas registraram demissões de servidores terceirizados e, na maioria, a assistência estudantil tende a ser prejudicada. A universidade e o instituto federal de Pelotas, por exemplo, podem fechar as portas no final de setembro.
Enquanto milhões de reais são perdidos no Brasil por causa da corrupção e da sonegação de impostos das grandes empresas, a educação, o pilar da construção da vida de um ser humano, vai vendo ruir de forma assustadora o que foi construído há anos. O Brasil, muitas vezes referência em pesquisas e demais trabalhos acadêmicos, agora vê tudo ir por água abaixo. Foram muitos anos de luta para conquistar a implementação de universidades, o fomento à pesquisa, a expansão do ensino. É preciso resistência para que não nos afundemos ainda mais nessa profunda crise que passa nosso país.
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Manuela D’Ávila é deputada estadual pelo PCdoB.