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16 de janeiro de 2018
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13:15

Dysathesia arabica, terrorismo, meritocracia

Por
Sul 21
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U.S. Marine Corps photo by Lance Cpl. Patrick Osino)

Franklin Cunha  (*)

La economía mundial es la más eficiente expresión del crimen organizado. Los organismos internacionales que controlan la moneda, el comercio y el crédito practican el terrorismo contra los países pobres y contra los pobres de todos los países, con una frialdad profesional y una magnitud que humillan al mejor de los tirabombas.
Eduardo Galeano

Um médico chamado Samuel Cartwright, de antes da Guerra Civil, quando os escravos fugiam das plantações de algodão do Tennessee, argumentava que eles sofriam de uma doença chamada dysathesia aethiopica, a qual se manifestava na recusa ao trabalho, na obsessão de destruir as plantações,de se libertar de seus amos e não raras vezes de matá-los. Hoje, este comportamento seria chamado de “ sociofobia “ ou “ pulsão de morte “ por algumas das inumeráveis facções da área Psi que se orientam pelo Manual de Doenças Mentais (DSM), documento de escassa maleabilidade, imune aos aspetos sociais, econômicos e políticos da complexa sociedade atual e global. Ou talvez, por outra sinonímia neoliberal, não sejam dotado da tal “ meritocracia “.

Segundo o United States Code Congressional News, de 1984, “ um ato de terrorismo é qualquer atividade que envolve violência ou ameaça à vida humana que seja considerado delito pelos Estados Unidos, se praticado dentro do território americano ou de qualquer outro Estado;uma intimidação à população civil;uma política do governo de intimidação ou coerção; ou ameaças governamentais através de assassinatos ou sequestros”.

E o Dr.Samuel se redivivo fosse, hoje trabalharia para o Departamento de Estado que, aríete dos grandes consócios petrolíferos e armamentistas, classifica como únicos terroristas, civis patriotas que defendem seu país destroçado pela cruzada genocida da US ARMY.

Agora que o senado americano concluiu que o Iraque não tinha armas de destruição em massa e que nem sequer mantinha quaisquer ligações com Bin Laden e com o Al Qaeda, certos cronistas – conforme o que foi definido pelo US Code – poderão incluir os EEUU e seus aliados, na classificação de Estados terroristas. E em máxima dimensão, pois são Bush e seus sócios que baseados em mentiras e falsificações ignóbeis, mataram milhares de seres humanos e arrasaram cidades inteiras com tudo o que elas continham de vida e de organizações religiosas e culturais laicas.

E os civis que tentam defender sua pátria, suas famílias, seu patrimônio no viés distorcido pseudo-psicológico, coincidente com a visão do departamento de Estado, são logo enquadrados em algum item do DSM que informaria estarem eles possuídos de uma incontrolável “paixão pela morte “, ou talvez possuídos por uma nova doença: a DYSATHESIA ARABICA ?

Na verdade, como afirmam os insuspeitos Noam Chomsky, Norman Finkelstein e Judith Butler, os falazes invasores do Iraque e outros países soberanos, são de longe os mais importantes, antigos e cruéis terroristas internacionais. São profissionais do terror de Estado em escala exponencial. Perto deles, os outros são reles amadores avulsos. Enfim parafraseando Brecht, pode-se perguntar: “ O que é um terrorista avulso, comparado com todo um Estado terrorista “.

(*) Médico, membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


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