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10 de março de 2016
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10:01

Que a primavera feminista impulsione a derrota do machismo e do patriarcado!

Por
Sul 21
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Que a primavera feminista impulsione a derrota do machismo e do patriarcado!
Que a primavera feminista impulsione a derrota do machismo e do patriarcado!

Por Fernanda Melchionna

Nesta semana do 8 de março de 2016 é mais fácil escrever sobre a necessidade de dotar de significado de luta o Dia Internacional das Mulheres do que em outros tempos, embora tenhamos sempre nossos percalços pelos caminhos. Milito desde 1997 e, de forma organizada, desde 2001. Em muitas oportunidades participei de atividades de defesa da igualdade salarial, de combate à violência contra a mulher e pelo nosso direito de escolha. Infelizmente, muitas vezes ao longo destes anos, ouvi ser esta uma luta desnecessária, uma vez que as mulheres já podiam trabalhar e estudar!!!!!!

Felizmente, com o assenso da Primavera Árabe, em 2011, com a luta dos indignados na Europa e a resistência dos/as trabalhadores/as em pagar a conta da crise econômica criada pelas elites, novos sujeitos sociais tomaram as ruas. Processos de luta se consolidaram em muitos países. No Brasil as Jornadas de Junho de 2013 foram determinantes para o resgate das bandeiras democráticas. Claro, os processos não são lineares. Alguns, cheios de contradições na ausência de uma direção alternativa dos trabalhadores, vivem contrarrevoluções, como é o caso do Egito.

No entanto, neste texto, gostaria de apontar as origens de uma nova onda de luta feminista: o protagonismo da juventude e das mulheres nas praças mundo afora possibilitou uma verdadeira Primavera Feminista no Brasil. Uma grande Primavera que ocupou as escolas contra a reorganização do governo Alckmin em São Paulo; as ruas contra o aumento das tarifas de ônibus em Porto Alegre; as redes sociais contra o #PrimeiroAssédio que todas nós já sofremos. Que ocupou também vários países com a campanha argentina #NingunaAMenos; as praças contra o PL 5069 de Eduardo Cunha, que quer atacar os direitos das mulheres vítimas de estupro; a campanha #VaiTerShortinhoSim, não apenas pelo direito de se vestir como bem entender, mas também como questionamento profundo da reprodução do machismo, que prefere reprimir as mulheres a ensinar os homens a respeitar.

Agora outra campanha ganha força e merece nosso apoio e debate: o manifesto lançado pelo coletivo Juntas! em defesa da Legalização do Aborto que já atingiu mais de 50 mil pessoas. Trata-se de combater a hipocrisia com que o tema tem sido tratado, e não com a seriedade que este enseja. Hoje os abortos clandestinos e inseguros realizados pelas mulheres mais pobres são a quinta causa de mortalidade materna. Mais urgente ainda diante da grave epidemia do Zika Vírus.

Discutir outros temas, como o combate aos ajustes dos governos, que não só têm cortado recursos para as políticas de proteção às mulheres, mas têm precarizado a vida das mulheres trabalhadoras, que são as que mais sofrem com o desemprego, a informalidade e o arrocho salarial. Assim como a luta por igualdade salarial em um país no qual as mulheres recebem em média 30% a menos que os homens e as mulheres negras chegam a receber cerca de 50% a menos do salário dos homens brancos. O combate à violência doméstica, que vitima a cada 15 segundos uma de nós, assim como os assustadores números de estupros no país, com quase 48 mil ocorrências registradas em 2014.

São muitas expressões do patriarcado e do machismo reproduzido pela lógica capitalista de superexplorar as mulheres! Mas ao mesmo tempo, NÓS somos MUITAS! Muitas e cada vez mais conscientes das lutas do nosso tempo. Muitas e cada vez mais ocupando as ruas e redes sociais pelos nossos direitos. Que sejamos capazes de deixar um mundo mais feminista e plural para as próximas gerações. Vem com gente!

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Fernanda Melchionna é vereadora do PSOL em Porto Alegre e integrante da Comissão de Habitação, Transporte e Urbanização.


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