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7 de setembro de 2019
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14:10

Os Colégios Militares não são bons porque são militares

Por
Sul 21
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Os Colégios Militares não são bons porque são militares
Os Colégios Militares não são bons porque são militares
Colégio Militar de Porto Alegre. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Céli Pinto (*)

Os colégios militares no Brasil são bons colégios sem dúvidas, mas são bons colégios não porque são militares; não porque têm disciplina rígida, porque funcionam como quarteis. Os colégios militares são bons porque dividem com um conjunto de outras escolas públicas uma série de qualidades fundamentais para o bom ensino das crianças e adolescentes . E estas qualidades não tem nada a ver com bater continência.

Dados publicados pela Folha de São Paulo e replicado pelo blog Viacarreira.com (18.06.2019), listam os 10 melhores colégios públicos brasileiros, segundo a classificação de seus alunos no ENEM em 2018. Destes colégios apenas um é militar, o Colégio Tiradentes de Ijui (RS) que se encontra em 8º lugar. Das 10 escolas 4 pertencem a universidades federais: 1º Colégio da Universidade Federal de Viçosa; 2º Universidade Federal do Pernambuco; 3º SEPT Universidade Federal do Paraná; 5º Colégio de Aplicação de Pernambuco. Uma pertence a UNESP (6º CTI Baurú) Quatro são CEFETs e/ou IFES ( Cachoeira do Itapemirim (ES); Vitória (ES) Timóteo (MG) e Belo Horizonte).

Estes 10 colégios, com duas exceções, o militar e o da Universidade Estadual de São Paulo, são escolas federais, algumas técnicas, com professores em tempo integral, com carreiras próprias e salários dignos. Estão em prédios em boas condições, conectados à internet e com laboratórios apropriados para o estudo das ciências.

Portanto é um engodo associar a boa escola à militarização como propõe o MEC em seu projeto de escolas cívico-militares. A proposta é de 57 escolas onde atuarão profissionais das Forças Armadas, que funcionarão como disciplinadores. Podemos ter a mesma ou melhor qualidade de ensino em escolas democráticas e abertas à saudável contestação juvenil, à curiosidade dos adolescentes, trabalhando para a formação de cidadãos críticos, cientistas, artistas, dispostos a serem trabalhadores em todas áreas inclusive na militar.

(*) Professora Titular do Departamento de História da UFRGS.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.

 


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