Colunas>Céli Pinto
|
2 de maio de 2019
|
19:49

Para além da balbúrdia

Por
Sul 21
[email protected]
Para além da balbúrdia
Para além da balbúrdia
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Céli Pinto (*)

Os cortes de 30% nas universidades federais foram justificados pelo Ministro da Educação como uma resposta à presença do MST nas Universidades, a festas nudistas e como política de transferência de recursos para a pré-escola. Em suma em resposta à balbúrdia. Estas justificativas são meramente populistas, agradam aos olavistas de plantão e buscam apoio popular. Não há dúvida sobre a precariedade da pré-escola. Mas não será com obscurantismo ideológico e manifestações em twitter no lugar de políticas públicas que o problema se resolverá.

Isto posto, é fundamental prestar a atenção nas universidades públicas que sofrem com preconceito e desinformação. É verdade que poucos brasileiros têm acesso à universidade, o que não é razão para acabar com ela. Ao contrário, é necessário promover a sua popularização, já que o Brasil é um dos países com menor número de jovens no ensino superior.

Para romper com os preconceitos contra a universidade, todos os brasileiros deveriam ser informados que no ranking das universidades brasileiras em 2018, as 10 melhores são públicas, 7 delas federais (ruf.folha.uol.com.br). Mais de 95% da pesquisa no Brasil é feita nas universidades públicas, em projetos realizados no âmbito dos programas de pós-graduação (mestrado e doutorado). Estes programas são avaliados em uma escala de 1 a 7, de quatro em 4 anos, pela Capes, a partir de dados enviados anualmente pela Plataforma Sucupira. Os programas de 6-7 são os considerados de qualidade internacional. Só a UFRGS possui 32 programas avaliados nesta faixa.

Nós, seus professores somos, na grande maioria, doutores e só ascendemos na carreira por mérito; nossos currículos são públicos ( LATTES-CNPq); a produção é avaliada pela rigorosa classificação de periódicos científicos (Qualis – Capes); nosso salário equivale à metade do salário de um funcionário do judiciário, cuja a carreira exige apenas uma graduação. E, last but not least, lamento decepcionar suas fantasias Senhor Ministro, mas todos nós – professores, funcionários e alunos – andamos vestidos.

(*) Professora Titular do Departamento de História da UFRGS.

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora