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9 de outubro de 2018
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13:12

Totalitarismos de primeira hora

Por
Sul 21
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Totalitarismos de primeira hora
Totalitarismos de primeira hora
“O ativismo social também tem sido o grande responsável pelo vigor da sociedade civil, não ligada obrigatoriamente a partidos políticos”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Céli Pinto (*)

Na primeira manifestação de Bolsonaro como candidato ao 2ª turno das eleições presidenciais afirmou:  “Vamos acabar com todo o ativismo no Brasil”. Estamos frente à maior declaração de totalitarismo feita até hoje por um político brasileiro, incluindo aí os militares que governaram durante a ditadura.

Gostaria que os leitores e leitoras entrassem em um site de busca e digitassem “ativismo”. O que surgirá é uma forte ligação entre ativismo e terceiro setor, especialmente de trabalho voluntário.  Os grandes institutos e fundações privados são entusiastas do ativismo social, do voluntariado.

O ativismo social também tem sido o grande responsável pelo vigor da sociedade civil, não ligada obrigatoriamente a partidos políticos de quaisquer naturezas. Tanto na Europa, como na África e na América Latina, o ativismo social foi o grande responsável pelas lutas por democratização em diferentes momentos da história contemporânea.

Entretanto, o ativismo social foi proibido na União Soviética estalinista, na Alemanha nazista, no Chile de Pinochet, na África do Sul do Apartheid. Por mais que me esforce, não consigo lembrar de nenhuma democracia, ou até mesmo ditaduras militares de extração autoritária cujos governantes tenham expressado de forma tão explícita que acabariam com o ativismo social.

Estamos pois, frente a um candidato de extrema direita que se declara frontalmente contra os princípios mais elementares da democracia. A constituição   de 1988 assegura, em seu Título II Dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capítulo I Art 5. Inciso XVII que “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar” e , no inciso XVIII, que “a criação de associação e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.”

Portanto, não se trata de uma disputa eleitoral o que temos pela frente, mas de uma luta contra a demência totalitária e fascista.

Os apoios de candidatos estaduais, como o de Eduardo Leite, a Bolsonaro dão a medida da irresponsabilidade e do oportunismo mais baixo que o desmonte da política  chegou neste país chamado Brasil.   Fraudar exames médicos da população é típico de regimes totalitários. Se alguma dúvida havia, parece que agora começa a se desfazer de forma convincente.

(*) Professora Titular do Departamento de História da UFRGS.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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