Colunas>Antônio Escosteguy Castro
|
19 de março de 2019
|
20:14

Pior que o nada, só o menos

Por
Sul 21
[email protected]
Ato em defesa da manutenção do plebiscito na Constituição do RS. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Antonio Escosteguy Castro (*)

Creio já estar ficando cansativo para meus poucos leitores, mas já há quatro anos insisto que não há maneira de o Rio Grande sair da profunda crise  em que está sem um projeto de desenvolvimento econômico proposto pelo Governo do Estado.

Sartori, mui provavelmente o pior governador dos tempos recentes , jamais conseguiu chegar nem perto disto. Ficou quatro anos cortando e cortando no orçamento e, segundo os próprios jornalões da capital em recente matéria, acabou seu mandato com um déficit recorde. Mesmo para quem acredita em soluções de austeridade, não se chega a lugar nenhum se ao corte de despesas não se agregar a retomada do crescimento econômico, para que aumentem as receitas.

Eduardo Leite, com sua trajetória bem sucedida em Pelotas,  parecia que buscaria outra solução. Mas nos aproximamos da marca de 100 dias de governo, e só o que existe é uma PEC para retirar da população o direito ao plebiscito nas privatizações. O próprio governador tem afirmado que antes disto não tratará mais nada. Como a PEC ainda tem um longo caminho de tramitação e depois dela, caso aprovada,  ainda tem que chegar na Assembleia os projetos de privatização das empresas, a perspectiva agora é de mais um ano perdido para nossa economia…

Na atual circunstância, isto até já seria uma boa notícia. O problema é que a realidade é ainda pior que isto. O Governo Bolsonaro, apoiado ativamente pelo governador Eduardo Leite, está impondo enormes prejuízos à economia gaúcha , complicando  ainda mais uma situação por si só ruim.

Por motivação unicamente ideológica, Bolsonaro hostilizou a China, maior compradora da soja brasileira e o resultado disto foi o anúncio da redução das importações chinesas do grão em cerca de 10 bilhões de dólares. Parte expressiva desta quantia sem dúvida deixará de vir para o Rio Grande. Se a isto se somar a possível troca da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, os países árabes poderão retaliar em cerca de mais 6 bilhões de dólares de importações  de frango, boa parte dela oriunda de nosso estado.

Mas não são apenas possibilidades de prejuízos futuros. Bolsonaro , em sua diplomacia primária e seu despreparo, já causou grande prejuízo à indústria de calçados gaúcha. Naquilo que ficou conhecido, jocosamente, como a “ guerra das bananas” , nosso mandatário protestou contra a importação de bananas do Equador (268 mil dólares por ano) e em retaliação, as autoridades daquele país retiraram as vantagens alfandegárias que o calçado gaúcho tinha, causando um prejuízo de 34 milhões de dólares à nossa indústria.

A irresponsabilidade econômica de Bolsonaro aprofundará ainda mais a crise econômica do Rio Grande, multiplicando os efeitos já daninhos do pífio crescimento que vem sendo verificado nestes pagos.

E nosso governador sequer pode ter uma atitude mais dura contra este estado de coisas, não só porque é um apoiador de primeira hora do desgoverno de Brasília, como porque está lá de pires na mão, buscando uma  improvável generosidade financeira da equipe de Paulo Guedes.

2019 será ainda pior do que parecia. Pobre Rio Grande.

(*) Antonio Escosteguy Castro é advogado.

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora