Adão Villaverde (*)
Aos colegas de bancada estadual do PT e @s parceir@s da luta contra o retrocesso.
Para ser verdadeiramente sincero com as companheiras e os companheiros, como sempre fui, estarei no diretório do partido fazendo uma ponderação contrária à recomendação pelo voto nulo no RS.
Ainda que tenhamos sobradas razões de críticas às duas candidaturas locais, porque discordamos de seus projetos e suas práticas, sinalizar com o voto nulo é uma posição que nos leva a uma enorme contradição, sobretudo em meio a uma conjuntura eivada pelas obsessões regressivas, a s histerias conservadoras e de ódio latente em nosso país. Que também conflitua com nossa posição de construção concertadora em nível nacional para um projeto de Nação democrática e soberana.
Isso só jogará mais água contaminada no moinho daqueles que são “anti-esquerda” de um modo geral e apenas reforçará a estratégia da virulência, do “fascismo”, da ausência do diálogo e, sobretudo, uma linha política desprovida de conteúdo.
Como poderemos chegar nos que não votaram em Haddad no 1° turno e pedir-lhes o apoio na urnas com uma posição definitiva de que queremos que elas não votem num dos candidatos ao governo gaúcho que possivelmente já escolheram? Naturalmente, a reação imediata de parte delas será bloquear a possibilidade de conversarmos sobre o voto em Haddad.
Sabemos que o caráter da eleição nacional é totalmente distinto do local. Aqui, os candidatos e suas máquinas partidárias estão se alinhando com o retrocesso nacional, por puro interesse pragmático em busca do voto. Assim como os chamados “partidos liberais” ou “ex-liberais” fizeram, por conveniência, quando consentiram o ataque à Constituição. E a resposta veio agora nas urnas: eles foram esvaziados justamente pelo monstro que gestaram quando chocaram o ovo da serpente.
É claro que suas definições de apoiar o retrocesso, infelizmente, reforçam a “histeria” intolerante que leva à regressão, mas as gaúchas e os gaúchos que escolherão candidatura no embate local, estão longe de ser pessoas irracionais, odientas, virulentas ou até mesmo fascistas, como prega nossa adversário.
Por isso entendo que, para ampliar o campo do voto antifascista, neste momento, repito, de obsessões regressivas e histerias conservadoras, pedir a anulação do voto local nos diminui o espaço para a busca de apoio ao professor Haddad à presidência.
Necessitamos de uma Frente Única e Amplíssima capaz de conquistar os votos que no 1° turno foram nulos, brancos e, inclusive, as abstenções que favoreceram nosso adversário.
Por isso, reitero: é um equívoco e um estreitamento meramente demarcatório orientar o voto nulo no RS.
Se não temos condições de fazer como a esquerda francesa procedeu em 1995, apoiando o liberal de direita Jacques Chirac no 2° turno, para barrar os avanços fascistas do “Front Nacional” comandado pela extrema direita de Le Pen, que, ao menos, sugerimos que liberem o voto local para aqueles que vieram conosco no 1° turno. Assim concedendo maior grau de liberdade para irem em busca do apoio nacional que, para nós, para os democratas, progressistas e humanistas e para o futuro deste país e das gerações que nos seguirão, é a centralidade neste momento nacional, que exige menos demarcação e mais ampliação.
(*) Professor, engenheiro e deputado estadual PT/RS
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