Adão Villaverde (*)
Nos últimos dias, além do brutal confronto que continua com os avanços da regressão e do conservadorismo, acirraram-se os ânimos petistas com a candidatura Ciro Gomes. Por mais erros táticos que ele, ou nós, tenhamos cometido, é um companheiro valioso de um campo de alianças estratégico, e está longe de ser o nosso alvo. O mesmo vale para o companheiro Jairo Jorge, aqui no RS.
Mesmo que não se faça a leitura correta do que representa e ainda representará Lula para o presente e o futuro de nossa nação, equívocos de avaliação e de caracterização de período são próprios da natureza das relações, das disputas políticas e de momentos eleitorais.
Já a conjuntura está revelando que quem adotou uma conduta de minimizar, se desgarrar ou relativizar a força de Lula, acima de tudo nas condições inaceitáveis de absoluto cerceamento em que ele se encontra, poderá não acumular parte de seu legado pessoal, de líder e de estadista, principalmente do centro para a esquerda.
Por isto, agora que estamos a todo vapor com nossa chapa Haddad e Manuela, com apoio decisivo de Lula, sugiro, respeitosamente, que, além de nos jogarmos de corpo e alma na nossa campanha, façamos uma fundamental reflexão, acerca dos avanços da violência e da vertente fascista, que ainda rondam fortemente o mundo, a América Latina e o Brasil, e que foram reforçados pelos partidos e forças institucionais ligadas ao “liberalismo clássico”, ao renunciar à ordem democrática. Sobretudo quando trocaram as urnas pelo atalho do ataque à Constituição.
Passado um curto período do golpe de 2016, o que se vê é que ele produziu à direita, como resultado final, o fortalecimento de setores nacional-fascistas, xenófobos, preconceituosos e postados contra os que mais necessitam das funções públicas de Estado.
É por isso que candidaturas tucanas e emedebistas não se viabilizam e perdem total legitimidade, enquanto as candidaturas da esquerda já são vistas, de forma objetiva, como vinculadas ao legado e à herança do que poderíamos chamar de “Era Lula”.
Falo aqui como apoiador de Fernando Haddad e Manuela D’Ávila, e na condição de quem quer Lula Livre, considerando, também, o contexto com Miguel Rossetto no RS.
Entendo que temos que ir às ruas para construirmos uma grande vitória das forças democráticas, populares progressistas, pelos direitos e pela soberania, para barrarmos qualquer retrocesso. E até lá, 7 de outubro, fazermos um grande pacto de reciprocidade para o segundo turno, no qual quem chegar em primeiro, recebe o apoio incondicional do outro.
Lula livre, à luta e às ruas !
(*) Deputado estadual (PT/RS)
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