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26 de outubro de 2010
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13:32

Brasília: Dona Weslian no Buriti?

Por
Sul 21
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Brasília: Dona Weslian no Buriti?
Brasília: Dona Weslian no Buriti?

Por Zélia Leal Adghirni

Os últimos dias pré-eleitorais estão deixando ansiosos e tensos os brasilienses. Será que desta vez o povo acerta na escolha do candidato? Há um ditado que diz que cada povo tem o governo que merece. Eu sou eleitora em Brasília há quase 20 anos mas acho que ninguém merece Joaquim Roriz, Roberto Arruda, muito menos, e dona Weslian, que disputa a vaga de governadora do Distrito Federal pelo PSC.

Com seu jeito de “mãezona”, dona Weslian, que chegou por último na campanha para substituir o marido barrado pela lei da Ficha Limpa, pode chegar em primeiro lugar ao Palácio do Buriti. É o que temem os brasilienses, sobretudo os moradores do Plano Piloto e Lagos. Tradicionalmente, eles não votam em Roriz. Mas ninguém esquece a derrota histórica de Cristóvam Buarque, em 1998. Professor universitário, intelectual de renome, Buarque teria “tratado com desprezo” o humilde candidato Joaquim Roriz, o homem simples que fala a língua do povo. Aconteceu no último debate na televisão. O brilho de Cristóvam ofuscou Roriz, que se atrapalhou nas palavras, carregou no sotaque goiano, perdeu a graça, mas acabou ganhando a eleição com 36 mil votos de vantagem.

A tática de não abrir a boca diante dos jornalistas está funcionando perfeitamente com dona Weslian.  Ela chega, dá uma voltinha de carro aberto, abana e joga beijinhos. Os assessores decidiram, como estratégia de campanha, que ela evite declarações. Tudo porque  o pouco que ela disse, até agora, só causou estrago. Desde a famosa frase, quando disse que  iria “defender toda aquela corrupção” (depois corrigiu, afirmando que era engano), até a famigerada primeira e única entrevista onde admitiu que não conhecia o plano de governo que defende.

Por determinação da Justiça Eleitoral, Roriz tem aparecido menos ao lado da mulher. Mas até então ele cochichava no ouvido da esposa o que era para dizer, arrancava o microfone dos jornalistas para responder as perguntas quando não pegava diretamente a mulher pelo pescoço para evitar que se pronunciasse sobre determinados temas.

Na verdade, dona Weslian não tem plano de governo,  mas  acredita que basta aplicar o jeito Roriz de governar para que tudo dê certo. Casada há 50 anos com aquele que foi governador do Distrito Federal por quatro mandatos, ela acha que política se aprende por osmose. Basta estar ao lado para aprender. Isto não somente em relação ao marido. Ela conta também com o fiel ex- secretário de Saúde Jofran Frejat. Quando lhe perguntaram qual era sua política de saúde para o Guará,  a segunda cidade-satélite  mais importante do DF, ela respondeu  que queria melhorar o atendimento. E acrescentou: “Não é isso que o povo quer? Meu vice (Jofran Frejat) é ótimo”.

Apesar de econômica nas palavras, ela não poupa ataques aos adversários. Quer saber onde está a mulher de Agnelo ( o candidato petista) e o marido de Dilma. E adverte as famílias sobre o perigo de votar no concorrente. Segundo ela, Agnelo é “comunista, ateu e pró-aborto”. A candidata é católica fervorosa e já militou contra o aborto na periferia da capital. Seu  ídolo era o padre Léo, da TV Canção Nova, que morreu há três anos. Se eleita, promete “cuidar das pessoas com a pureza da alma.”

Apesar de tudo, Weslian Roriz, a candidata laranja, aparece com 36% dos votos válidos contra 64% de Agnelo Queiroz (PT). Conseguiu 440.128 votos no primeiro turno,  levando a disputa pelo governo para o segundo turno.

Embora a Justiça Eleitoral tenha determinado que ela não apareça mais ao lado marido durante a campanha, é a foto do Roriz que aparece na telinha da urna quando o eleitor escolher o número 20 de sua candidata.

Em todo o caso, será a primeira vez na  história da humanidade que uma mulher vira homem com um simples toque de tecla.


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