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6 de setembro de 2010
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19:19

Tarso venceria no primeiro turno no RS, segundo Ibope

Por
Sul 21
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Paulo Cezar da Rosa Paulo Cezar da Rosa, Jornalista e publicitário

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Pesquisa do Ibope publicada pelo jornal Zero Hora deste domingo aponta Tarso no primeiro turno. Com relação a um levantamento anterior do mesmo instituto, de início de agosto, o candidato de Lula subiu de 37 para 41 pontos, Fogaça desceu de 31 para 23, e Yeda subiu de 11 para 13 pontos percentuais.

Ou seja, Tarso ampliou sua vantagem de seis para 18 pontos sobre Fogaça. E, conforme a pesquisa, venceria a eleição no primeiro turno, com 52% dos votos válidos. Mantidas as tendências, o mais provável é que o petista amplie ainda mais esta vantagem até 03 de outubro. Os demais fatores pesquisados indicam isso: Tarso tem baixa rejeição, apenas 11%. A expectativa de vitória atua em seu favor, com 44% acreditando que o petista é favorito, contra 20% que acreditam na vitória de Fogaça e 10% na de Yeda. Também na TV, Tarso tem se saído bem. Sua campanha é avaliada melhor por 26% dos eleitores, contra 12% que julgam a de Fogaça superior e nove porcento a de Yeda.

Números a parte, o crescimento de Dilma foi o que puxou o candidato petista para cima. Na contracorrente, Serra está enterrando o candidato do PMDB. Sua atuação sobre as bases do PMDB, tentando de todas as formas construir um palanque para sua candidatura no Estado, primeiro paralisou Fogaça, e, quando o tucano começou a naufragar, puxou o peemedebista para baixo.

Yeda, não está sendo tão afetada pela queda de Serra porque sua estratégia, desde o começo, afastava a candidatura presidencial. Aliás, a queda de Fogaça deve inclusive fortalecer Yeda Crusius.

Novo Brasil atropela velho Rio Grande – Há momentos na história que concentram décadas. Estamos vivendo isso nas eleições gaúchas. O Rio Grande do Sul, que até aqui foi um Estado rebelde na nação brasileira, está sendo incorporado a um projeto de nação do qual ele não se sente protagonista.

Os gaúchos gestaram Getúlio Vargas, forneceram os generais da Ditadura Militar, e não esperavam ser caudatários de um projeto gestado nos porões da sociedade paulista. O lulismo, que na falta de uma definição melhor poderia ser chamado de um getulismo de esquerda, já é o grande vitorioso nas eleições gaúchas. Lula não só vai eleger Dilma presidente no primeiro turno, inclusive no Rio Grande do Sul, como vai também eleger Tarso Genro governador, também no primeiro turno. Para usar uma expressão um pouco fora de moda, mas expressiva do momento, Lula está fazendo barba, cabelo e bigode nestas eleições no pampa gaúcho.

Os méritos dos petistas gaúchos – É cedo para fazer balanços, mas é importante apontar que a provável vitória de Tarso traduz méritos dos petistas. Tarso conseguiu unificar as fileiras do seu partido, que vinha atuando dividido em eleições anteriores. Conseguiu superar o isolamento político, recompondo com PSB e PCdoB, aliados históricos que tinham se afastado. Desenvolveu um processo de atração de forças e lideranças individuais, semeando dificuldades nas fileiras adversárias. Abriu um amplo processo de debate programático, focado em buscar soluções para romper o isolamento do Estado diante do país e do mundo. E sobretudo soube aderir à onda Lula-Dilma quando a candidata começou a subir nas pesquisas e ficou evidente que Fogaça não a apoiaria.

Seu principal oponente, José Fogaça, desenvolveu uma estratégia pensando que o tabuleiro da sucessão gaúcha aconteceria sem uma influência decisiva da eleição presidencial. Mas o novo Brasil simplesmente atropelou a velha lógica da política gaúcha, de divisão e enfrentamento permanentes. E o lulismo se impôs, por sobre todas as forças em conflito no cenário estadual.

Um Rio Grande Brasileiro – É provável que, depois destas eleições, neste novo século, o espírito de grenal que vem paralisando o Estado nas últimas décadas, fique restrito aos campos de futebol. Em certo sentido, às vésperas das comemorações da Semana Farroupilha, os gaúchos estão prestes a se encontrar com aquele que um dia foi o seu principal problema e hoje é a única saída: o Brasil.


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