Cidades|z_Areazero
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3 de outubro de 2019
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20:14

Em meio à crise na saúde municipal, restrição de acesso ao Hospital da Criança Santo Antônio preocupa Simers

Por
Luís Gomes
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Em meio à crise na saúde municipal, restrição de acesso ao Hospital da Criança Santo Antônio preocupa Simers
Em meio à crise na saúde municipal, restrição de acesso ao Hospital da Criança Santo Antônio preocupa Simers
Hospital da Criança Santo Antônio ficará passará por obras em breve | Foto: Divulgação

Luís Eduardo Gomes

A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre comunicou recentemente que irá restringir o acesso à Emergência SUS do Hospital da Criança Santo Antônio devido a reformas. A posição da instituição é de que as obras, que deverão se estender, pelo menos, até 2021, não trarão prejuízos à população, mas o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) avalia que trata-se de uma medida de grande impacto que não foi adequadamente planejada.

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De acordo com a Santa Casa, as obras de modernização serão feitas em áreas destinadas ao SUS. Passarão por intervenção ambulatórios, a UTI e outras áreas de internação do 4º andar, áreas de internação de múltiplas especialidades do 5º andar, e áreas de internação cardiológica, oncológica e de outras especialidades no 6 andar. O investimento previsto, financiado pela Caixa Econômica Federal, é de R$ 10,6 milhões e o prazo de conclusão é de 24 meses após o início das obras.

A instituição diz que o hospital Santo Antônio deverá se manter em “pleno funcionamento”, mas que precisará restringir o acesso à emergência SUS apenas para os casos de pacientes graves de alta complexidade que tenham sido referenciados pela rede de saúde municipal de Porto Alegre, de cidades da região metropolitana ou por outros hospitais. Isso significa que pais que levarem seus filhos diretamente ao hospital não poderão ser atendidos. A Santa Casa diz que irá anunciar em breve um calendário para as mudanças.

Presidente do Simers, Marcelo Matias avalia que a implementação do atendimento apenas para pacientes referenciados pode trazer prejuízos para a população e cobra da Prefeitura uma alternativa para a redução de vagas. “É uma porta de entrada da saúde de Porto Alegre que se fecha sem que seja criada uma porta igual em outro local. Essa responsabilidade é do gestor municipal, que tem que buscar alternativa”, diz. “A gente sabe que quando uma estrutura da importância do Santo Antônio fecha as suas portas sem que seja feito um planejamento de hospital de retaguarda, do que fazer com os pacientes, sem avisar adequadamente a população, os usuários, para onde se dirigirem em caso de necessidade, isso cria sim um problema para o sistema, que é um sistema que deve trabalhar de maneira conjunta, adequada e com referências e contrarreferências bem feitas”.

Procurada, a Prefeitura não respondeu oficialmente ao pedido de posicionamento sobre a situação, mas adota uma postura de que a população não será prejudicada porque grande parte dos atendimentos feitos na emergência do Santo Antônio podem tranquilamente ser absorvidos pela rede de atenção básica, pois são casos de menor complexidade que não precisariam de encaminhamento hospitalar.

Questionado se a rede municipal de saúde hoje tem capacidade para lidar com a restrição de atendimento no Santo Antônio sem prejudicar a população, Matias diz que quem deveria responder sobre isso é a Prefeitura. No entanto, ele destaca que alternativas poderiam já estar sendo pensadas, como, por exemplo, a transferência de profissionais e da capacidade de atendimento para o Hospital Beneficência Portuguesa, que está em fase de conclusão de reformas. “Não há necessidade de que isso seja um problema, o que há é necessidade de que haja planejamento para que não venha a ser um problema”, diz.

No entanto, Matias avalia que um motivo de preocupação é justamente o fato de que a restrição do acesso no Hospital Santo Antônio ocorre que um “momento de crise” para a rede municipal de Porto Alegre, uma vez que a Prefeitura determinou em setembro a demissão de 1,8 mil profissionais do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) e a substituição deles por meio da contratação de uma organização social. Uma greve dos atuais trabalhadores foi convocada para começar a partir do dia 9 de outubro. “Isso certamente tornará a emergência um local mais importante do que era quando o Imesf funcionava a pleno”, diz.


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