Cidades
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30 de julho de 2018
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19:23

Contra assédio no Trensurb, campanha informa sobre denúncias em transporte público

Por
Sul 21
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Campanha do Comitê Gaúcho Impulsor ElesPorElas foi lançada nesta segunda-feira (30) (Foto: Leandro Molina/Divulgação)

Giovana Fleck 

Nos últimos três anos, 40 mulheres reportaram casos de assédio nos trens ou estações da Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre). Esse número parece absurdamente pequeno, se comparado com dados da 1ª Pesquisa de Vitimização de Porto Alegre que mostram que 13% dos habitantes de Porto Alegre, maiores de 16 anos, dizem já ter sido assediados sexualmente. Ainda segundo a pesquisa, 38,5% dos entrevistados sofreu esse tipo de violência uma vez, 26,2% tiveram dois episódios e 11,5% três vezes.

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Levando isso em consideração, o Comitê Gaúcho Impulsor ElesPorElas elaborou uma campanha para conscientizar e informar as passageiras. A campanha teve o lançamento oficializado na manhã desta segunda-feira (30) e é coordenada com participação da Universidade La Salle, Agência Moove, Ministério Público, Associação de Procuradores do Estado, Coletivo Hip Hop Linha do Trem e Escritório da ONU em Brasília.

De dentro de um dos vagões, indo para a apresentação no salão cultural da estação de Canoas, a coordenadora-executiva do comitê, Karen Lose, afirma que parte do problema se concentra na ausência de informações para as vítimas e funcionários. Segundo ela, é comum mulheres reportarem que foram assediadas e isso ser categorizado como uma briga ou discussão pelos seguranças das estações. “A estatística é subestimada. 40 registros em três anos é muito pouco”, afirma.

Segundo dados da Trensurb, cerca de 170 mil usuários frequentam as estações diariamente. Desses, mais da metade são mulheres, que usam o serviço pelo menos cinco dias por semana.

 O Comitê ElesPorElas integra o movimento mundial da ONU Mulheres HeForShe que constitui uma campanha de solidariedade que defende os direitos das mulheres iniciada pela ONU em 2014. Assim, seguindo essa premissa, a campanha ‘Fim da linha para a violência contra a mulher’ veiculará cartazes e painéis nas plataformas e nos trens entre Porto Alegre e Novo Hamburgo. Os anúncios destacarão o número 180 da Central de Atendimento à Mulher.

Além disso, conforme explica Karen, parte da campanha focará em intervenções culturais. “A campanha foi construída em parceria com o coletivo de hip hop Linha do Trem. De 15 em 15 dias, ao longo de três meses, o coletivo vai fazer intervenções em cada cidade por onde a linha do trem passa”, explica a coordenadora. Além disso, o comitê irá capacitar os funcionários da Trensurb para lidar com as denúncias e encaminhar as mulheres para órgãos competentes, como a Delegacia da Mulhere.

Karen explica que todas as entidades que se unem ao Comitê deverão promover uma mudança interna ou criação de programas de empoderamento e defesa das mulheres até o final do ano. Como exemplo, ela cita a ação que será lançada em 08 de agosto, em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Na ocasião, funcionários de bares, restaurantes e motoristas de aplicativos também serão capacitados para lidar com denúncias de violência contra mulheres e prevenir que elas venham a acontecer. “Precisamos manter esse diálogo aberto”, diz a coordenadora.


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