Cidades|z_Areazero
|
18 de maio de 2018
|
11:17

Simpa reafirma estado de greve contra pacote de Marchezan: ‘se botar para votar, vamos parar’

Por
Luís Gomes
[email protected]
Assembleia do Simpa, na Casa do Gaúcho, debateu pacote enviado à Câmara de Vereadores. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) reafirmou em assembleia realizada no início da noite desta quinta-feira (17), no Casa do Gaúcho, que permanecerá em estado de greve contra o pacote de medidas encaminhado pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) à Câmara de Vereadores no final de abril. A categoria já havia aprovado em assembleia anterior, no início de maio, o posicionamento de entrar em greve caso as medidas entrem em votação. “Se botar a votar, nós vamos fazer grave. Vai parar o HPS, vai parar o DMAE”, diz Jonas Tarcísio Reis, um dos diretores do sindicato.

Leia mais:
‘Aqui não tem inovação, aqui tem cópia’: Marchezan apresenta pacote de projetos aos vereadores

Os conjunto de oito projetos encaminhados por Marchezan preveem, se aprovados, a revisão da planta do IPTU da cidade, a instituição de uma Lei de Responsabilidade Municipal e a alteração no plano de carreira dos servidores municipais poir meio de modificações nos regimes, avanços, gratificações e funções gratificadas (FGs), mudanças na carga horária e na previdência municipal.

O prefeito pede, por exemplo, a revisão dos avanços automáticos da folha, o que delimitaria os máximos trienais e adicionais por tempo de serviço, além de mudanças nos regimes de trabalho e o fim da licença prêmio, em que, a cada cinco anos de trabalho, os servidores têm direito a três meses de licença. Também cria um regime de incentivo a não-aposentadoria, em que permite ao servidor em condições de se aposentar reduzir sua carga horária em 25% sem redução de salário. O que buscaria “manter os bons servidores trabalhando, mesmo que tenham tempo para se aposentar” (confira a lista de projetos que trazem alterações para os servidorer ao final da matéria.

Simpa também reivindica a abertura de negociações a respeito da data-base da categoria, que vence em maio. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Na ocasião, Marchezan disse que nenhum dos projetos era novidade, mas, pelo contrário, muitos deles eram “cópias” de legislações implementadas em outros locais e inclusive pelo regime federal durante o governo de Dilma Rousseff (PT).

O Simpa também reivindica a abertura de negociações a respeito da data-base da categoria, que vence em maio. Eles alegam entregaram a pauta de reivindicações há mais de 20 anos e, até o momento, não foram recebidos pela Prefeitura. Entre outras coisas, a pauta inclui um pedido de reajuste de 6,85%, o que representa a reposição da inflação entre maio de 2016 e abril deste ano — os municipários não tiveram o salário reajustado em 2017 –, o pagamento de de mais 8,85% referentes ao reconhecimento de perdas históricas, reajuste do vale alimentação dos atuais R$ 21,50 para R$ 27 (para se adequar ao custo médio da refeição na Capital e o fim dos parcelamentos e atrasos de salários.

“Até o momento, o governo não acenou nenhuma resposta às reivnidicações da data-base e reafirmou o seu posicionamento de não realizar serviços públicos e ameaçar a carreira de quem está na ativa”, diz Jonas.

O sindicato reclama da falta de reposição de aposentadorias e da cobrança que tem sido feito sobre os servidores da ativa para que exerçam as funções de quem deixou o quadro. No HPS, por exemplo, de 200 aposentadorias registradas ao longo de 2017, apenas 50 teriam sido repostas, segundo o Simpa.

Quanto aos projetos de lei encaminhados à Câmara, Jonas afirmou que a posição da categoria é de rejeição de todas as propostas, sem exceção. “Nós não podemos mais assumir os erros do governo. Se o governo quer errar, que erre sozinho, a gente não vai pagar a conta dos erros”, disse o sindicalista.

Jonas ainda critica que a gestão Marchezan tem promovido o sucateamento da máquina pública municipal, o que, segundo ele, se reflete em mais de quatro mil buracos espalhados pela via pública e num comércio em que cada vez mais lojas falta por falta de incentivo da administração. “O que ele tentou fazer ano passado foi aumentar impostos na cidade e arrancar direitos dos trabalhadores, esse foi o programa dele”, afirmou Jonas.

Neste manhã, o Simpa se reuniu com o presidente da Câmara, Valter Nagelstein, para dialogar sobre o pedido de urgência de votação de quatro PLs. Com parecer favorável da Procuradoria da Casa, os projetos devem ser votados em 45 dias, mas o sindicato reivindica que as tramitações não sejam aceleradas e que os vereadores garantam o “diálogo amplo com o conjunto da sociedade”.

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Confira a lista dos PLs que afetam os servidores:

O PELO 01/18: altera a duração normal do tempo de trabalho que é atualmente de 30 horas semanais para uma nova carga a ser estipulada em lei.

PELO 02/18: Revoga o art. 45 da Lei Orgânica do Município, que dispõe sobre a concessão de licença especial aguardando aposentadoria, computando-se o tempo como de efetivo exercício para todos os efeitos legais.

PLCE 03/18: Altera a data de repasse ao Previmpa das constribuições previdenciárias para o dia 20 do mês subsequentes.

PLCE 06/18: Muda as aregras para a concessão de pensões para conjugês de servidores — será vitalícia apenas para os casos em que o cônjuge tem 44 anos ou mais — e elimina o pagamento para os casos de comprovação de simulação ou fraude no casamento/união estável.

PLCE 07/18: Institui a previdência complementar para os novos servidores, com as aposentadorias limitadas ao teto do Regime Geral da Previdência.

PLCE 08/18: Altera as regras de regimes especiais e avanços na carreira. Quanto aos regimes, as convocações atuais passam a ser válidas até 31 de julho deste ano, atingindo a todos os servidores e podendo ser prorrogada a critério do gestor por um ano. OS avanços passam a ser quiquenais de 3% para todos (em vez de 5%) a partir de primeiro de agosto deste ano — os avanços percebidos até 31 de julho ficam assegurados –, com regras de transição de acordo com o tempo de serviço de cada funcionário público municipal.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora