Cidades|z_Areazero
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2 de janeiro de 2018
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16:59

Rebaixamento de nota de risco impede Prefeitura de obter novos empréstimos internacionais

Por
Luís Gomes
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Rebaixamento de nota de risco impede Prefeitura de obter novos empréstimos internacionais
Rebaixamento de nota de risco impede Prefeitura de obter novos empréstimos internacionais
Secretário municipal da Fazenda, Leonardo Busatto, diz que mudança da nota de risco impede a Prefeitura de obter novos empréstimos | Foto: Maia Rubim/Sul21

Luís Eduardo Gomes

No final do ano passado, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) rebaixou a nota de risco da Prefeitura de Porto Alegre do grau B para o grau C, o que significa que o município não poderá mais obter empréstimos internacionais avalizados pelo governo federal, o que barra negociações que a atual gestão mantinha para obtenção de crédito com instituições estrangeiras para reformas em escolas municipais e obras de revitalização do 4º Distrito. A redução da nota consta no Boletim de Finanças dos Municípios do Tesouro Nacional, publicado em 20 de novembro, que calcula a capacidade de pagamento das dívidas sob o viés do nível de despesas e receitas.

Segundo o secretário municipal da Fazenda, Leonardo Busatto, o rebaixamento da nota de risco da Capital decorre de uma mudança na metodologia utilizada pela STN para avaliar a situação financeira e a capacidade de estados e municípios de honrarem com seus compromissos financeiros, modificada a partir da publicação de uma portaria pelo Ministério da Fazenda em 23 de novembro passado. A partir de dados de 2016, último ano da gestão de José Fortunati (PDT), a STN então rebaixou a nota de Porto Alegre.

“Na prática, isso significa que, até voltarmos a ter uma nota B, Porto Alegre não pode contrair operações de crédito internacionais”, diz Busatto, salientando que isso ocorre porque o Tesouro Nacional funciona como fiador de empréstimos internacionais por estados e municípios, isto é, fica encarregado de pagar os débitos não pagos pelos entes e depois fazer a cobrança.

Busatto diz que, com a mudança, a Prefeitura foi informada pelo Tesouro que não poderá dar continuidade para a negociação de dois empréstimos que vinha tentando obter. O primeiro deles, com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na ordem de R$ 80,8 milhões para o financiamento de reformas nas escolas municipais, em especial de educação infantil. O segundo deles, com o Banco Mundial, para obras no 4º Distrito.

Obras da Orla do Guaíba estão sendo feitas com empréstimo internacional, mas não serão afetadas, segundo o secretário |Foto: Guilherme Santos/Sul21

Segundo o secretário, a mudança da nota não afeta os contratos de empréstimo que já estão em andamento – como o financiamento de R$ 68 milhões proveniente da Corporação Andina de Fomento (CAF) para as obras da Orla do Guaíba -, nem os créditos que a Prefeitura está buscando dentro do País, como o empréstimo de R$ 120 milhões que está negociando com o Banrisul para o pagamento de dívidas atrasadas com as chamadas obras da Copa.

As obras da Copa, por sinal, representariam uma boa parte da atual dívida da Prefeitura, segundo Busatto. De acordo com o secretário, a dívida consolidada do município fechou o segundo quadrimestre de 2017 (último dado disponível) em R$ 1,593 bilhão, dos quais R$ 973 milhões seriam dívidas com a Caixa Econômica Federal, a maior parte delas referentes às obras da Copa. “Essa dívida consolidada não é considerada alta se compararmos com outros municípios. O problema em si não é o tamanho da dívida, mas a falta de capacidade de pagamento”, afirma.

Busatto diz que o rebaixamento da nota de risco é decorrência de um histórico de ter mais despesas do que receitas. “Vínhamos cobrindo essas despesas com alternativas que não são sustentáveis, com a venda da folha, com saques do caixa único, retiradas do DMAE, atraso de fornecedores, que são coisas que não resolvem o problema. A grande questão é que Porto Alegre não fez as reformas necessárias, em especial na área de despesa de pessoal”, disse.

Para a retomada da nota de risco B, ele defende que a Prefeitura tem que tomar medidas como a reestruturação da estrutura de pagamento dos servidores municipais e a revisão da planta do IPTU, duas medidas que foram encaminhadas pela Prefeitura à Câmara de Vereadores em 2017, mas foram rejeitadas. “São as duas questões estruturais que já foram propostas e nós entendemos que têm que ser enfrentadas. São fundamentais, se não a gente vai estar sempre empurrando com a barriga”, disse.


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