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19 de janeiro de 2018
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18:37

Procura por vacina da febre amarela leva 450 pessoas por dia a filas de até 4 horas em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Usuários aguardam no Centro de Saúde Modelo, na tarde desta sexta-feira | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Fernanda Canofre

O Centro de Saúde Modelo, em Porto Alegre, costumava registrar uma média de 450 vacinas contra a febre amarela por mês. Maior sala de vacinas do Rio Grande do Sul, a maioria dos casos eram de pessoas que iriam fazer viagens internacionais para países que exigiam o certificado, por ter o Brasil na lista de países de risco. O surto em São Paulo, porém, fez a demanda saltar para 450 vacinas por dia, na última semana.

Com viagem marcada para São Paulo, no final de fevereiro, o aposentado José Lino Ferreira da Silva, 67 anos, conseguiu algumas das últimas senhas com a família e estava disposto a esperar o tempo que fosse para garantir a vacina.

Foto: Guilherme Santos/Sul21

“Digamos que amanhã, a região sul entra em estado de alerta. Vou procurar a vacina e encontrar 500 na minha frente. Então, estou fazendo hoje, como precaução também”, diz ele.

Nesta sexta-feira (19), com atendimento ininterrupto desde 8h da manhã, por volta das 13h40, os agentes estavam chamando a senha 170 para atendimento. Até às 14h são distribuídas diariamente 450 senhas. Como o local funciona até às 22h, há possibilidade de conseguir atendimento depois de todas as senhas na fila serem chamadas.

Como as senhas são únicas, sem discriminar a demanda do usuário, quem busca vacinas de rotina também acaba preso na fila da alta procura do medicamento contra a febre amarela.

A educadora social Daniela Pimentel tentou pelo segundo dia vacinar a filha de dois meses, com as vacinas de rotina para bebês. Pela segunda vez, ela não conseguiu senha. A bebê teria que ter sido vacinada até quarta-feira. “Vou procurar outro posto ou voltar outra hora, mas não posso ficar mais dois dias sem vaciná-la”, disse ela.

Segundo informações da equipe de enfermagem, apesar da demanda de “época de campanha de vacinação”, não há problema com o estoque de vacinas. Além do Centro, outros nove postos de Porto Alegre também estão realizando vacinação. O que estaria gerando filas com até 4 horas – especialmente no Modelo – é a falta de pessoal. No Centro, por exemplo, as equipes têm colocado à disposição entre dois e quatro vacinadores por turno.

Foto: Guilherme Santos/Sul21

A Prefeitura Municipal, no entanto, chama a atenção para o fato de que não há transmissão da doença no Rio Grande do Sul. O fato de cidades do Estado terem sido incluídas na lista de recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) significa apenas que quem reside nestes locais deve se vacinar. No último dia 11, o governo do Estado ampliou para 34 o número de municípios com recomendação para vacinação prioritária, incluindo cidades do litoral.

Além disso, a vacina é obrigatória para quem viaja para locais onde já há confirmação da transmissão. No Brasil, até o momento, a lista inclui os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia.

Há ainda uma série de recomendações que os usuários devem prestar atenção. Áreas silvestres são as mais suscetíveis a ter focos de transmissão. Pessoas acima dos 60 anos só podem ter acesso à vacina com recomendação médica. Isso acontece porque, a partir desta idade, as reações ao medicamento podem ser mais fortes e similares às da própria doença. Mulheres grávidas e pessoas com quadro de imunodepressão podem ter contraindicação.

Confira abaixo os locais de vacinação na capital:


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