Da Redação*
A Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) divulgou nota nesta terça-feira (24), afirmando que as empresas privadas de ônibus da Capital já acumulam um déficit de mais de R$ 124 milhões desde o início do novo contrato, em fevereiro de 2016. Esse déficit, afirma a entidade, deverá resultar, nos próximos meses, em atraso no pagamento dos salários dos rodoviários e até mesmo do décimo terceiro. Segundo o diretor executivo da ATP, Gustavo Simionovschi, “as empresas estão fazendo todo o possível para sobreviver à crise, mas infelizmente os recursos estão se esgotando”. Até o final do ano, acrescentou, “compromissos que até então estavam sendo honrados, serão afetados, o que inclui o pagamento dos funcionários”.
A ATP afirma ainda que a crise aguda e o balanço financeiro negativo das empresas comprometem a aquisição de crédito, o que restringe as alternativas. “Foram adquiridos 296 ônibus novos em fevereiro do ano passado. Além de arcar com os custos desse investimento, as empresas precisam manter diariamente itens básicos para a operação como, por exemplo, o combustível. Chegará um momento em que não haverá mais condições de comprar diesel para os ônibus. O que impedirá, obviamente, que eles circulem. Será inviável renovar frota e sustentar o processo de qualificação do sistema, o que culminará na falência do setor e de uma atividade que tem papel fundamental na mobilidade urbana e na rotina da cidade”, diz Simionovschi.
Ainda segundo o diretor da ATP, o principal responsável por esse déficit é a queda no número de passageiros que já atinge, de janeiro a setembro deste ano, 10,9% em comparação ao mesmo período do ano passado. Além disso, ele aponta o índice de isenções, 36%, “o maior entre as capitais sem subsídio”, como outro fator responsável pela crise. Além disso, aponta a crise econômica do país e o aumento do número de desempregados como fatores agravantes da situação financeira das empresas:
“É preciso criar uma política de priorização do transporte coletivo, para que ele possa se tornar mais ágil e acessível. As empresas têm convicção e consciência de que uma tarifa alta afasta o passageiro. Hoje temos uma passagem que é cara para o usuário e que ainda assim não cobre os custos do serviço. Esse modelo está insustentável”.
*Com informações da ATP.