Cidades
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6 de julho de 2017
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12:23

Direção do HPS, Secretaria de Saúde e Municipários divergem sobre fechamento de 11 leitos

Por
Sul 21
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Direção do HPS, Secretaria de Saúde e Municipários divergem sobre fechamento de 11 leitos
Direção do HPS, Secretaria de Saúde e Municipários divergem sobre fechamento de 11 leitos
Direção do HPS (foto) e Secretaria de Saúde dizem que a sala fechou para reformas e pacientes foram realocados; Sindicato dos Municipários e Conselho Municipal, todavia, afirmam que onze leitos foram fechados. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Gregório Mascarenhas

Uma sala do setor de traumatologia do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre tem sido alvo de uma disputa de versões entre a direção da instituição, a Secretaria Municipal de Saúde, o Sindicato dos Municipários e o conselho municipal que trata do assunto. O hospital e o governo dizem que se trata de uma sala esvaziada para reformas; o sindicato e o comitê municipal dizem se tratar de fechamento de onze leitos na Enfermaria 2 do HPS.

O Conselho Muncipal de Saúde chegou a lançar, no sábado passado (1), um vídeo no qual uma conselheira denuncia a desativação dos leitos e que sequer foi comunicado pela secretaria a respeito do fechamento. Até o fechamento desta reportagem, 1009 pessoas haviam compartilhado o conteúdo, publicado na fanpage oficial do comitê. “O Conselho Muncipal de Saúde veio verificar qual a real situação sobre o HPS”, diz a conselheira na gravação – e “estão fechados onze leitos”, afirma.

“Eles estão mentindo dizendo que é reforma. Eles fecharam os leitos para dispensar os funcionários”, disse Jonas Tarcísio Reis, um dos diretores do Sindicato dos Muncipários. “O Conselho Municipal de Saúde foi lá, filmaram a enfermaria fechada. O que acontece: o SUS é uma conquista social, não se pode reduzir leitos de emergência. Tem que ampliar. É uma conquista, ele está infringindo a lei. Não abriram vagas em outros lugares da cidade, não há uma compensação”, argumentou.

O Simpa denuncia também que pacientes remanejados estariam sendo alocados em uma enfermaria feminina: “O governo tomou a medida de fechar a enfermaria de traumatologia masculina, que tinha onze leitos, e misturar os homens com as mulheres na feminina que ficou, que tem dez leitos, violando o direito à privacidade”, disse Reis. O fato de a direção do HPS e a secretaria não terem comunicado o Conselho Municipal de Saúde, da mesma forma, desagradou a entidade de classe: “nós suspeitamos dessas medidas, que são tomadas de forma arbitrária. O secretário sabe muito bem que qualquer coisa que ele vá fazer, é preciso primeiro avisar o conselho, pois ele é o órgão fiscalizador”.

Para a direção do hospital e a Secretaria de Saúde, todavia, a versão é outra. O diretor geral do HPS, Amarílio Macedo, chegou a gravar um vídeo, publicado pela fanpage do próprio prefeito Nelson Marchezan Júnior, para mostrar as modificações pretendidas para uma das salas da traumatologia no hospital, caracterizando o espaço como “longe de ser compatível” para receber quem acessa o serviço. Ele diz que o atendimento não cessou no pronto-socorro e que pacientes estão sendo tratados nas enfermarias de outros dois andares, além de levar pessoas para outras instituições: “estamos usando muito o serviço da central de veiculação para mandar pacientes que não são de trauma e que estão no pronto-socorro para outros hospitais do sistema”. O cronograma da reforma, de acordo com Macedo, deve ser apresentado nesta quinta-feira (6).

A assessoria do hospital diz que “de maneira alguma poderia se dizer que houve fechamento de sala” e que o impasse entre as versões se deu porque os servidores foram realocados. “Com isso, o sindicato imaginou que a sala estava sendo fechada”, disse o assessor de comunicação do HPS ao Sul21. “Você retira os pacientes de um lugar, reforma-o e depois os traz para um local mais adequado para atendimento”, relatou.

A respeito do vídeo divulgado pelo Conselho Municipal, a assessoria do HPS reafirma que usuários do hospital foram apenas redistribuídos: “Esse vídeo mostra uma sala fechada, mas não mostra que ela é inadequada pra atender à população. Se você notar bem, a enfermaria não tem sequer dutos de oxigênio. É uma enfermaria que funciona já há 40 ou 50 anos. Realocaram-se os leitos dali para outros lugares. São duas enfermarias, uma ao lado da outra. O hospital segue funcionando normalmente, recebendo os pacientes, que são levados para outros locais”.

Há também uma questão relacionada à impossibilidade de a Secretaria de Saúde contratar mais servidores, por conta de um impasse judicial a respeito do adicional por insalubridade que é pago aos trabalhadores. “Não temos condições de preenchê-las por uma questão que vem de 2011. Foi feita, naquele ano, uma reavaliação a respeito de [adicional salarial por] insalubridade dos profissionais de algumas áreas, não só do HPS, mas também de outros lugares, inclusive da prefeitura, que trabalham com isso. À época, decidiu-se que os funcionários ficariam aguardando enquanto a discussão corria. Aí ficou”, explicou o assessor de comunicação do hospital. Foi atingido, de acordo com a instituição, um limite prudencial para chamar novos servidores, por conta de quem está em licença aposentadoria e aguarda decisão judicial.

Houve, na segunda-feira, uma reunião entre a direção do Simpa e o secretário de Saúde, Erno Harzherm. Na reunião, segundo nota divulgada no site do sindicato, “o secretário também afirmou que os 11 leitos fechados na ala masculina da Enfermaria de traumatologia HPS estão suspensos temporariamente para reforma do setor”.


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