Luís Eduardo Gomes
Permissionários e Prefeitura de Porto Alegre comemoram nesta segunda-feira (3) o aniversário de 147 anos do Mercado Público da Capital, que ainda aguarda o fim da reforma para recuperar e requalificar o prédio histórico depois do incêndio que afetou sua estrutura em julho de 2013.
Inaugurado em 1869 para abrigar o comércio de abastecimento da cidade, o Mercado Público foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre em 1979. Além do episódio de 2013, ele também foi atingido por incêndios em 1912, 1976 e 1979, e resistiu à grande enchente de 1941.
Em cerimônia que contou com um bolo comemorativo e entrega de troféus para o torneio de futsal de funcionários, o presidente da Associação do Comércio do Mercado Público Central, Ivan Konig, saudou a função social do Mercado, considerando-o um balizador de preços da Capital. Também salientou que o local emprega 40 funcionários por 100m², enquanto grandes empresas do setor empregariam, em média, apenas 0.8 pessoas por 100m² – as 110 bancas atuais somam mais de 1,2 mil funcionários diretos. Graças a essa diferença, ele diz que o Mercado se caracteriza por um atendimento personalizado.
“Isso garante o atendimento olho no olho, direto, personificado. O cliente escolhe o produto, a quantidade, como quer fracionar, conforme a sua necessidade”, afirmou.
Em discurso, o prefeito José Fortunati também saudou o atendimento personalizado que as bancas dão aos clientes e pontuou que o Mercado, mais do que um centro comercial, é uma espaço de convivência dos porto-alegrenses. “Aqui não há preconceito contra quem quer que seja. Aqui todos dialogam e se encontram”, afirmou.
Fim da reforma?
Em 6 de julho de 2013, um incêndio iniciado em um restaurante no segundo andar do prédio destruiu 20% da estrutura do Mercado. Inicialmente, a previsão de conclusão da reforma era no início de 2015, mas este prazo foi sendo constantemente adiado com o passar do tempo.
Nesta segunda, Fortunati afirmou que uma das razões da demora é o fato de que, por o Mercado ser um prédio histórico, é preciso seguir diretrizes municipais, estaduais e nacionais do patrimônio histórico. “Essa tem sido uma dificuldade muito grande que nós temos encontrado tanto na contratação de empresas que são especializadas na restauração quanto no material para a sua recuperação”, afirmou o prefeito.
Ele também disse que a chegada de recursos para a conclusão da reforma oriundos do governo federal tem sido um problema, mas diz confiar que a reforma está em sua fase final e que deverá ficar pronta no primeiro semestre de 2017.
“Nós temos um aporte de recursos do governo federal, isso tem vindo em etapas e não tem permitido a conclusão rápida, mas está tudo sob controle e nós pretendemos, até o primeiro semestre de 2017, entregar totalmente revitalizado o nosso Mercado”, disse. “Estamos na recuperação final do ponto de vista da arquitetura, porque a arquitetura tem que levar em consideração a restauração que o patrimônio histórico nos impõe. Isso está praticamente acabado”, complementou.
Fortunati garante, porém, que a obra que ocorre no Mercado não é apenas uma reforma, mas irá requalificar o espaço. Ele diz que, a partir de agora, todos os estabelecimentos e o próprio prédio irão atender ao Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) do Corpo de Bombeiros, o que não era o caso antes do incêndio.
“Nós mudamos todas as esquadrias que davam sustentação ao teto e às janelas. Nós tínhamos uma madeira muito velha, isto acabou facilitando a propagação do incêndio há três anos atrás. Agora, nós colocamos suportes de metal, em aço, isto garante que não tenhamos um incêndio daquelas dimensões”, afirmou, acrescentando ainda que estão sendo realizadas melhorias em termos de acessibilidade, com a instalação de elevadores.
