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15 de outubro de 2016
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12:13

Grupos contemplados com o Fumproarte denunciam atrasos no repasse de verbas

Por
Sul 21
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Projeto Feito Criança contemplou escolas da rede municipal | Foto: Adriana Marchiori/ Divulgação
Projeto Feito Criança contemplou escolas da rede municipal | Foto: Adriana Marchiori/ Divulgação

Débora Fogliatto

Sete escolas da rede municipal de Porto Alegre receberam, nos primeiros meses do ano, oficinas de danças urbanas, a partir do projeto Feito Criança, da Cia Rústica, que foi contemplada com o edital Porto Alegre Amanhã, do Fumproarte, no final de 2015. Em junho, o grupo realizou a prestação de contas, e as atividades foram encerradas em setembro, mas até hoje os profissionais que trabalharam nas oficinas não receberam. Isso porque as verbas fornecidas pelo edital são divididas em duas partes: os 50% iniciais foram recebidos em março, e o restante seria recebido após a prestação de contas, o que ainda não ocorreu.

Segundo a diretora da Cia Rústica, Patrícia Fagundes, a informação inicial era de que a segunda parcela seria paga dez dias após a prestação de contas. “Prestamos contas no final de junho, continuamos com as atividades, mas já terminamos em setembro. A gente pagou todos os gastos operacionais com a primeira parte, mas os profissionais envolvidos não receberam um tostão ainda”, explica. Patrícia ainda destaca que, em termos de orçamento municipal, o valor para cada grupo seria insignificante, mas que para quem participa, é fundamental. “Faz bastante diferença em termos de um projeto artístico, cultural, que tem muito trabalho e pouca verba. E o Fumproarte é bastante exigente em relação à prestação de contas e prazos, se a gente atrasasse algo, estaria impedido de concorrer”, aponta.

Outro grupo que foi contemplado com o edital Porto Alegre Amanhã e também não recebeu os 50% finais foi o Teatro Sarcáustico, que realizou o projeto “Formando plateias com Franky/Frankenstein” em 17 escolas do município, durante dois meses. “Fomos da Ilha da Pintada até Ponta Grossa, apresentando um espetáculo e fazendo uma formação de plateia com os alunos e professores. A nossa prestação de contas era muito pequena, um projeto muito conciso, então não teria porque demorar tanto assim pra liberar”, afirma Ricardo Digomático, proponente do projeto. O edital contemplou oito projetos no final de 2015, com temas voltados à infância e à juventude.

Projeto do Teatro Sarcáustico já foi encerrado, mas segunda metade das verbas não foi recebida | Foto: Divulgação
Projeto do Teatro Sarcáustico já foi encerrado, mas segunda metade das verbas não foi recebida | Foto: Divulgação

Os atrasos também afetaram o grupo Das Flor, que foi contemplado com um edital de produção e, sem a verba, não conseguiu iniciar o projeto. O trabalho a ser desenvolvido é um documentário chamado “Sobre Marias e Terezas”, que integra uma série de ações que o coletivo realiza na região do Beco da Taquara, na Lomba do Pinheiro, dentro do projeto Um Diálogo Antropofágico com a Lomba do Pinheiro. “Desenvolvemos um projeto há três anos lá, no ano passado fizemos com nossos próprios recursos e apoio do comércio local. Disponibilizamos nosso trabalho para manter um vínculo com o espaço, que é o salão de uma igreja que estava totalmente desativado”, relata a diretora Luciane Panisson.

O Das Flor foi contemplado no final do ano passado, mas ainda não recebeu os recursos. “O prejuízo é bem grande de organização das pessoas em prol de um trabalho e também junto à comunidade, nunca fica muito claro para eles porque não estamos indo, isso rompe o vínculo”, lamenta Luciane. A proposta é a realização de um documentário, que será feito em parceria com uma produtora de cinema, abordando as relações familiares no local. “Nesse processo, tínhamos um vínculo com algumas famílias que já foram convidadas a participar, até assinaram documentos. Pretendíamos começar o trabalho e já se passou praticamente um semestre, não tem como começar assim, sendo audiovisual é inviável fazer sem verbas”, aponta.

Ela também destaca a quantidade de exigências feitas pelo edital como um fator que torna a situação ainda mais estranha. “A gente é um coletivo de artistas e o Fumproarte é um edital super exigente, exige uma infinidade de certidões, tem que comprovar idoneidade, e depois não cumpre sua parte”, alega. De acordo com Luciane, o Fumproarte teria passado a informação de que as verbas não haviam sido encaminhadas pela Secretaria Municipal da Fazenda. Ela conta que enviou uma carta à Prefeitura solicitando uma posição sobre o assunto, mas não obteve retorno.

Coletivo Das Flor reativou salão de igreja, que não era utilizado | Foto: Bebeto Alves
Coletivo Das Flor reativou salão de igreja, que não era utilizado | Foto: Bebeto Alves

Ricardo salienta que o Fumproarte é um instrumento muito importante e necessário para a cultura da cidade e que os funcionários da área estão dando o suporte necessário aos artistas. “Eles nos mantêm informados sobre a situação, o que sabemos é que a Prefeitura realmente não está dando conta de suas questões financeiras, não só na cultura mas em vários outros setores”, afirma.

Segundo a gerente do Fumproarte, Lucia Jahn, os pagamentos não foram feitos porque as verbas não foram repassadas por parte da Secretaria da Fazenda. Ela afirma que não há previsão para que a situação mude. Já a Secretaria da Fazenda, a princípio, não encontrou registros desses problemas e afirmou que as verbas viriam do orçamento da própria Secretaria da Cultura, mas ficou de dar um retorno à reportagem. A assessoria de imprensa da Cultura, por sua vez, instruiu a reportagem a contatar diretamente o Fumproarte sobre o assunto.


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