Cidades
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23 de setembro de 2016
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17:44

Bicicleta chega mais rápido em desafio intermodal do Detran: 20min a menos que carro

Por
Sul 21
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A ordem de chegada foi: ciclista, motociclista, corredora, pedestre, condutora do carro, passageira de lotação e, por último, a passageira do ônibus | Foto: Eduardo Manica / DetranRS
A ordem de chegada foi: ciclista, motociclista, corredora, pedestre, condutora do carro, passageira de lotação e, por último, a passageira do ônibus | Foto: Eduardo Manica / DetranRS

Da Redação*

Veículos de duas rodas foram os vencedores no desafio intermodal promovido pela Comissão de Estudos Ambientais do Detran/RS nesta quinta-feira (22), para marcar o Dia Mundial sem Carro. A bicicleta chegou mais rápido, com 9min e 36 segundos, seguida pela motocicleta, com 14min e 11 segundos. Na sequência, chegaram a corredora (16:35), a pedestre (29:08) e a condutora do carro, que perdeu tempo para estacionar, finalizando o desafio em 29:45. Por último, devido ao tempo de espera, ficaram as passageiras da lotação (35:09) e do ônibus (40:12).

O automóvel, mesmo no Dia Mundial sem Carro, entrou no desafio por comparação, sendo ocupado por quatro pessoas. O Detran lembra que, se seu uso for imprescindível, sua ocupação completa reduz a pegada de carbono e otimiza o espaço ocupado na via pública. Além do tempo, critérios como custo, impacto ambiental e valores subjetivos como conforto, conveniência, segurança e satisfação pessoal também foram levados em conta.

Dez servidores do Detran/RS fizeram o trajeto do Ed. Cosmopolitan, na Av. Júlio de Castilhos, até o Parque Moinhos de Vento (Parcão). Integrantes da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade) também acompanharam a ação e o diretor-geral do Detran, Ildo Mário Szinvelski, recebeu os desafiantes no ponto de chegada.

Critérios quantificáveis

Quanto ao custo do transporte, quem fez o trajeto a pé, correndo ou de bicicleta só consumiu calorias. Os usuários do transporte público gastaram R$ 3,75 (ônibus) e R$ 5,60 (lotação). Já o motociclista gastou entre 45 e 69 centavos (estacionando na rua), e a motorista precisou desembolsar quase 16 reais, entre combustível e estacionamento. Não foram contabilizados gastos com impostos, seguro e manutenção necessários em veículos de uso individual.

A pegada de carbono (marca negativa deixada no planeta em CO2) é outro fator a ser colocado na balança. Nulo para pedestres e ciclistas, o impacto para veículos que utilizem combustíveis fósseis é mais significativo conforme menor for sua lotação. Um automóvel que se desloca cerca de 28 quilômetros por dia durante um ano lança na atmosfera 1,63 tonelada de CO2, o que exigiria o plantio de pelo menos dez árvores para compensação em produção de oxigênio. Se o veículo, porém, levar mais de três pessoas, a compensação é de apenas três árvores. Já um ônibus, para circular nos mesmos padrões, deveria compensação de pelo menos duas árvores por ano.

 Foto: Guilherme Santos/Sul21
Bicicleta foi modal mais rápido no desafio do Dia Mundial Sem Carro | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Critérios subjetivos

A escolha por um determinado de modal depende também de fatores subjetivos. Cada pessoa faz seus cálculos, de acordo com suas necessidades e gostos pessoais. O técnico em Administração Guilherme Formiga, que adotou a bike há seis anos, destaca a melhor disposição e a adrenalina como ganhos fundamentais. Para ele, a falta de locais adequados para estacionar com segurança e a falta de educação dos motoristas não chegam a desanimar, pois o prazer de pedalar compensa tudo.

O estatístico Jaimar Monteiro cita como principais pontos negativos do uso da moto a exigência de muita atenção concentrada nos outros usuários da via e o desconforto em intempéries. Tudo, porém, amplamente compensado pela praticidade, tanto nos deslocamentos quanto na hora de estacionar, e pela economia de manutenção e de combustível.

Praticando corrida há cinco anos, a pedagoga Adriana Reston normalmente se desloca para o trabalho de carro, em função de compromissos com a família e por não ter boas opções de transporte na região onde mora. “O carro me dá maior flexibilidade para poder atender minha filha. Até poderia incluir uns dias de treino nos 10km do trabalho para casa, mas para isso seria necessário um vestiário”.

Andar a pé é sempre a primeira opção da jornalista Mariana Tochetto, que destaca a liberdade e a conveniência como principais vantagens, inclusive para, eventualmente, utilizar os outros modais disponíveis. “Se chove posso pegar um ônibus ou ir de carona, se estou atrasada para um compromisso posso chamar um táxi, se tem happy hour depois do trabalho, não preciso me preocupar com o carro.  Funciona para mim. Mas sei que essa não é uma opção que serve para todo mundo, especialmente devido às distâncias”.

Já a pedagoga Letícia Sielecki não abre mão do carro, mas raramente se desloca sozinha. Levar de carona colegas de trabalho, amigos e familiares é normal para ela. Considera a sensação de segurança que se deve a uma rotina em que seus percursos costumam ir de um estacionamento fechado a outro, evitando estacionar nas ruas. “Fico confortável, em um ambiente climatizado, ouvindo as músicas de que gosto. E tenho autonomia para trocar o itinerário sem precisar de muita organização”.

| Foto: Guilherme Santos/Sul21
Caso ocupados em sua lotação máxima, carros podem ter impacto negativo menor no meio-ambiente | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Ao optar pela lotação, a publicitária Eunice Gruman leva em conta a comodidade e conforto. “A vantagem da lotação sobre o ônibus é que vou sentada, em relativa segurança. A vantagem sobre o carro é que não preciso dirigir, nem me preocupar com estacionamento. Fico livre, leve e solta. É como um táxi com um custo menor”.

A secretária Sandra Fazzi, há muitos anos, trocou o carro pela tranquilidade. Conta que se estressava muito no trânsito e por isso hoje utiliza modais alternativos, principalmente o ônibus. “Tenho sorte de morar em um bairro com muitas opções de transporte e inúmeras linhas de ônibus. Seria melhor ainda se tivéssemos corredores de ônibus”.

A mensagem do Dia Mundial sem Carro é que repensar os meios de locomoção é um tema urgente. Além das medidas de infraestrutura que devem ser tomadas pelas autoridades, há a participação individual, que passa por escolhas para um uso mais racional do carro e do espaço público.

*Com informações do Detran/RS


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