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28 de julho de 2016
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11:51

Demora para concluir obras no Mercado Público provoca ‘pressão contra prefeito e vice’

Por
Sul 21
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 Foto: Guilherme Santos/Sul21
Obras foram iniciadas no final de 2013, seis meses após o incêndio | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Débora Fogliatto
Atualizada às 14h15min*

Três anos após o incêndio que atingiu cerca de 20% do Mercado Público, um dos pontos mais tradicionais e turísticos de Porto Alegre, as obras de restauração ainda não foram concluídas. Inicialmente prevista para o início de 2015, a conclusão do trabalho foi adiada para o fim do ano passado. Agora, não há uma previsão concreta para a reabertura do andar de cima do Mercado, que antes abrigava restaurantes e está inoperante, à exceção dos banheiros públicos.

Há cerca de 15 dias, um abaixo-assinado foi criado no site “Panela de Pressão” para pressionar o prefeito José Fortunati (PDT) e o vice Sebastião Melo (PMDB) pela conclusão das obras. “Três anos (e muitos prazos) depois, quem visita o Mercado ainda se depara com uma lona preta cobrindo todo o segundo andar”, aponta o texto, que já tem mais de 200 assinaturas. De cima, é possível ver que parte do telhado ainda não está concluído, o que deve acontecer ainda na etapa que está em andamento. Além disso, a calçada da avenida Borges de Medeiros no entorno do prédio ainda está bloqueada para a circulação em razão das obras.

O trabalho começou em dezembro de 2013, seis meses após o incêndio. Segundo Carlos Vicente Bernardoni Gonçalves, coordenador de Próprios Municipais de Porto Alegre, dentre as obras que já foram feitas está a recuperação da parte elétrica, hidráulica e da alvenaria da parte sinistrada (lojas, escadas e sanitários); a adequação da subestação de energia; o Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI) emergencial; a construção da laje interna do segundo piso; tesouras metálicas para telhado de barro e a recomposição da estrutura metálica do telhado. Para tal, foram utilizados recursos do Ministério da Cultura, através do PAC Cidades Históricas, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no valor de R$ 9.602.948,00.

Atualmente, está em andamento a colocação de brises (quebra-sóis, usados para impedir a incidência direta de luz solar), a conclusão do telhamento e a substituição da rede elétrica danificada, da qual faltam aproximadamente 10%. Essa parte é realizada com R$ 4.071.627,76 empregados pela Prefeitura de Porto Alegre. Por fim, a última fase da recuperação são as obras e serviços para atendimento do PPCI, de condições de acessibilidade e a limpeza final. Os recursos serão conseguidos com a Prefeitura e empreendedores, no valor de cerca de R$ 2.000.000. Dentre esses ajustes, estão a colocação de dois elevadores, duas escadas metálicas, reparos na estrutura e piso das escadas rolantes.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Telhado ainda não está completo | Foto: Guilherme Santos/Sul21

“A abertura plena do Mercado Público só ocorrerá com a conclusão da obra, atendimento ao PPCI, criação de condições de acessibilidade do primeiro para o segundo piso e reabertura de restaurantes no piso superior”, afirma Carlos Vicente. Há, ainda, a previsão de mais cerca de R$ 9 milhões do Ministério da Cultura para a realização de restaurações não relacionadas ao incêndio e que não interferem na reabertura, como a pintura da fachada, substituição da subestação de energia elétrica, videomonitoramento, restauração do telhado cerâmico, entre outras.

Dentre os restaurantes que existiam no segundo andar do Mercado, alguns foram relocados para o térreo, em uma praça de alimentação improvisada, enquanto outros acabaram deixando o local. É o caso, por exemplo, da Casa de Pelotas, que abriu na Cidade Baixa. Os estabelecimentos chegaram a ficar oito meses fechados, período em que diversos empresários contraíram empréstimos do Banrisul – que lançou linhas de crédito especialmente para essa situação – para não fecharem definitivamente.

O vice-prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (PMDB), lembra que 38 dias após a incêndio, a parte inferior do local já funcionava normalmente. “A Prefeitura Municipal é sabedora de que a cidade não suporta a interrupção das atividades deste local de tamanha importância histórica, cultura e econômica, que é a alma da cidade”, afirma. Ele ressalta, ainda, que a realização de uma obra pública, ainda mais em um prédio tombado, é “sempre uma tarefa complicada”.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Primeiro andar funciona normalmente, mas o segundo segue interditado | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Inicialmente, o governo federal havia se comprometido com o repasse de R$ 20 milhões, mas até o momento o município recebeu cerca de metade desse valor, apontou Melo. “As obras são resultado de reuniões realizadas frequentemente, desde a ocorrência do sinistro, com os mais diversos órgãos da Prefeitura com todos os segmentos envolvidos no funcionamento do Mercado Público, numa comprovação de gestão compartilhada”, aponta o vice-prefeito, acrescentando que “apesar de todos os esforços envidados objetivando, a Administração Municipal pede desculpas à população e aos permissionários do Mercado Público pelo atraso na conclusão das obras”.

O incêndio

O fogo começou no segundo andar do Mercado, por volta das 20h30 do dia 6 de julho de 2013 e demorou cerca de três horas para ser controlado. Parte do telhado desabou, mas o térreo foi preservado, em sua maior parte. Já o segundo andar foi parcialmente comprometido e está interditado desde então. No momento em que o fogo iniciou, o edifício estava fechado e apenas funcionários de segurança e serviços gerais estavam no local. Ninguém ficou ferido.

*Essa matéria foi atualizada às 14h15 com a posição do vice-prefeito, enviada posteriormente à sua publicação

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Foto: Guilherme Santos/Sul21
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