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12 de junho de 2016
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15:14

Mapa colaborativo pretende melhorar atendimento a mulheres vítimas de violência

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Sul 21
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Ferramenta irá unir vítimas e terapeutas dispostas a darem atendimento | Foto: Mapa de Acolhimento/ Divulgação
Ferramenta irá unir vítimas e terapeutas dispostas a darem atendimento | Foto: Mapa de Acolhimento/ Divulgação

Débora Fogliatto

Tendo em mente os centenas de milhares de casos de estupro e abusos em geral sofridos por mulheres no Brasil, a Rede Minha Porto Alegre lançou o Mapa do Acolhimento, uma mobilização online com o objetivo de reunir e aprimorar o acolhimento e apoio às vítimas. A iniciativa foi tomada após a divulgação do estupro coletivo de uma jovem de 16 anos ocorrido no Rio de Janeiro, mas é focada no atendimento a todas as mulheres vítimas de violência, muitas das quais sofrem ainda com a falta de informação.

A Rede criou uma plataforma colaborativa, na qual terapeutas podem se cadastrar através do site para oferecer apoio psicológico gratuito e contínuo. Da mesma forma, o público em geral pode se inscrever para ajudar no mapeamento de serviços públicos na sua cidade. A ideia é que, numa próxima etapa, mulheres que sofreram violência sexual possam se inscrever para receber informações sobre os serviços cadastrados.

A psicopedagoga Carolina Soares, diretora do Minha Porto Alegre, explica que mapeou todos os serviços de atendimento e, agora, o time de mulheres que está se cadastrando irá ajudar a avaliá-los. “Precisamos que alguém vá na delegacia, no centro de referência, e veja como são os serviços. Sabemos que vários não funcionam de fato, temos relatos de meninas que vão na delegacia da mulher e são atendidas por homens quando acabaram de ser estupradas, por exemplo”, afirma. A partir das avaliações, a ideia é montar realmente um mapa, com geolocalização, que seja o mais abrangente possível com serviços em todo o Brasil.

Além de Porto Alegre, nesse primeiro momento, o mapeamento acontece em outras cinco cidades brasileiras: Campinas, Garopaba, Recife, Ouro Preto e Rio de Janeiro, onde também há redes colaborativas. Já a parte referente às terapeutas não estará disponível publicamente, para preservar a identidade das vítimas e das profissionais. “Ainda não sabemos bem como vai ser esse formato, porque estamos tentando preservar tanto a terapeuta quanto a vítima. A gente dá algumas dicas, fizemos uma cartilha pras vítimas, para elas entenderem se estão sendo bem atendidas ou não”, explicou Carolina.

A campanha foi lançada nesta segunda-feira (6) e, na quinta-feira (9) já contava com 290 profissionais que ofereceram seus serviços, além de mais de 1.800 pessoas que se dispuseram a ajudar a avaliar os serviços. A mobilização faz parte do projeto Circuito de Mulheres Mobilizadas, um projeto que visa formar comunidades de ação de mulheres para promover a igualdade de gênero.

Minha Porto Alegre

A Minha Porto Alegre é uma rede de mobilização em que qualquer pessoa pode doar sua participação ou seu tempo e talento para tornar a cidade mais participativa. A rede conta com algumas ferramentas online que ficam à disposição dos porto-alegrenses, que podem utilizá-las em suas campanhas. “Qualquer um pode colocar uma mobilização, mas se for racista ou super partidária, por exemplo, a gente retira porque não é dos nossos princípios. E se for muito legal, podemos fornecer nossa expertise”, completa Carolina.

Porto Alegre é uma das integrantes da Rede Nossas Cidades, que já existe desde 2011 no Rio de Janeiro, onde a proposta surgiu. Em 2014, com verbas do Desafio de Impacto Social do Google e por crowdfunding, o projeto se expandiu para outras oito cidades, incluindo a capital gaúcha.

 


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