Débora Fogliatto
De um lado da rua, tapumes verdes cobrem o pôr do sol há seis meses. Do outro, a praça onde fica o Aeromóvel desativado terminou de ser cercada neste final de semana, complicando a passagem de moradores e deixando a paisagem ainda menos atraente. A Usina do Gasômetro e a Praça Júlio Mesquita, uma na frente da outra, passam por revitalização comandada pela Prefeitura de Porto Alegre, em projeto que aguarda desde 2012 para ser colocado em prática. Nesta segunda-feira (23), a única abertura em toda a extensão da tela que cercava o gramado confundia passantes e frequentadores do local, que ao entrar na praça se viam presos e precisavam voltar por onde vieram.
Esse foi o caso do casal Cláudia Adriana Machado Leite e Diego Rodrigues Leite, que se encaminhavam para uma reunião com o advogado dela, na rua General Salustiano, que fica do lado oposto da praça em relação à Presidente João Goulart, de onde desceram do ônibus. Acostumados a atravessar a Júlio Mesquita, surpreenderam-se quando viram que não havia entrada do lado oposto da praça, mas apenas uma abertura. “A gente vem mais ou menos uma vez por mês aqui, não tínhamos visto ainda que estava cercado. É complicado porque temos que dar uma volta maior”, afirmou Cláudia. O marido completa que não entendeu o motivo do cercamento. “Não tem placa nenhuma’, observa ela.
Da mesma forma, Marlene Veleda, que foi ao local vistoriar as obras em um apartamento que quer vender, também se sentiu prejudicada pela cerca. “Isso atrapalha, eu sempre atravessava pela praça e agora demoro muito mais”, afirmou ela, que é idosa e precisava chegar à esquina da Salustiano com a Riachuelo. A única pessoa que ficou por alguns minutos dentro da praça, além dos trabalhadores da obra, foi a moradora Victória Brunoneli, que levou seu cachorro para brincar no local.
Mesmo com o cão correndo livremente na Júlio Mesquita, ela critica a colocação da cerca, que fez com que precisasse percorrer toda a quadra para entrar no local que fica na esquina de sua casa, na rua Riachuelo. “A cerca está ruim, temos que fazer toda a volta. As pessoas que vinham da Duque para caminhar devem ter desistido, porque ficou horrível”, apontou ela, que sugeriu que tivesse um portão de cada lado da cerca. Mesmo assim, ela considera pior do que a cerca na Praça, os tapumes na Orla do Guaíba. “Ali poderia ser tela também, não tem mais pôr do sol. E o pior é que essas obras sempre demoram mais do que o previsto”, avalia.
O tempo previsto para a obra na Júlio Mesquita é de cinco meses, enquanto a da Orla na altura do Gasômetro deve demorar ainda um ano para ser concluída, se seguir o cronograma original. Assim como as outras reformas que serão feitas na Orla, a obra é assinada pelo arquiteto Jaime Lerner e pretende tornar a praça uma “importante ligação do Centro Histórico com a Orla do Guaíba”, segundo a Prefeitura. O projeto inclui um deck de madeira entre as ruas Riachuelo e Duque de Caxias, uma pracinha com brinquedos para crianças e uma quadra de futebol.
Veja mais fotos:
