Débora Fogliatto
O Parque da Redenção vai receber uma nova leva de restauração de seus monumentos, na nova fase do Projeto Construção Cultural, idealizado em parceria entre a Prefeitura, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) e o Ministério Público Estadual. Serão 20 monumentos beneficiados pela ação Resgate do Patrimônio Histórico, que conta com recursos da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) estadual.
As restaurações representam a continuidade do projeto que possibilitou, em 2015, a entrega de outros 12 obras, entre elas o Monumento ao Expedicionário. Desta vez, o destaque será para a estátua do Gaúcho Oriental, que será restaurada e realocada para um espaço “mais nobre”, próximo ao espelho d’água. O monumento, de autoria de Federico Escalado, foi feito em 1935.
A parceria com o Sinduscon não é novidade. Conforme definiu o vice-presidente do sindicato Zalmir Chwartzmann, responsável por este projeto, trata-se de um “amor antigo”. Em 2014, o coordenador da Memória Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Luiz Custódio, foi a público falar da falta de verbas para a restauração de monumentos. Foi quando o próprio Chwartzmann decidiu ligar para ele e, ao entender a situação, pediu que Custódio elaborasse um projeto-piloto para ser analisado.
Ele fez a proposta de recuperação dos 12 monumentos, a qual foi aceita pelo sindicato. “A gente orçou, eles indicaram pessoas para fazer e em seguida a gente foi para o mercado. As empresas aderiram ao projeto de forma entusiástica. Todo mundo entendeu, gostou e nos encorajaram a continuar o projeto”, garante o empresário. Desta vez, os recursos utilizados virão da Lei de Incentivo à Cultura e do patrocínio de Gerdau e Braskem, que não integram o sindicato, mas se interessaram pelo projeto.
Chwartzmann resume o papel do Sinduscon de forma objetiva: “identificamos uma oportunidade que entendemos ser importante para a cidade, entendemos o problema, fizemos um projeto e fomos atrás de financiamento”. A iniciativa está relacionada ao desejo estratégico do sindicato de se inserir na agenda cultural da cidade, explicou. “Entendemos que institucionalmente o nosso negócio não é apenas levantar tijolo, construir. Nós, empresários, temos a visão de que, como moramos, trabalhamos aqui, assim como nossos filhos e amigos, quanto melhor for a cidade, mais bonita e progressista, vai ser melhor para nossos negócios. E também como cidadãos precisamos fazer nossa parte”, afirma.
Ele relata que a aceitação das empresas e dos cidadãos têm sido muito positiva. “A cidade está se dando conta de como isso é importante, projetos bacanas, a gente brinca que projeto bom vende. Parece ser o caso”, relata, contando que o projeto ganhou um prêmio nacional da Responsabilidade Social, entre outros.
O projeto foi lançado na última terça-feira (5), ocasião em que o prefeito José Fortunati (PDT) destacou a importância da participação da comunidade e de se preservar o patrimônio histórico. “Não se pode pensar apenas sob a ótica do poder público. Para a construção de uma cidade melhor, o sentimento de pertencimento deve partir do indivíduo e das entidades”, destacou.
Além do Gaúcho Oriental, as esculturas contempladas nesta etapa são: Monumento em Homenagem ao Esporte, Busto Luis Englert, Herma Alberto Bins, Marco Contra as Armas de Brinquedo, Busto Jaime Pereira da Costa, Monumento a João Wesley, Monumento a Assis Brasil, Monumento Francisco Brochado, Monumento Imperatriz Leopoldina, Busto José Fainca Lubianca, Totem José Bonifácio, Marco Exposição Farroupilha, Busto Almirante Tamandaré, Busto Duque de Caxias, Busto Mascarenhas de Moraes, Busto Santos Dumont, marco com as designações do Parque Farroupilha, além de dois marcos não catalogados.
Construção Cultural
Além da restauração, que é a parte mais conhecida, o projeto Construção Cultural é composto de outras três áreas. O Sinduscon mantém uma agenda mensal gratuita em seu teatro, localizado na rótula da avenida Carlos Gomes com a Plínio Brasil Milano. Em todas as segundas quintas-feiras do mês, acontece o Sindusom, que se trata de uma apresentação de um grupo musical composto por empresários e profissionais da música, que tocam música popular brasileira, com foco no chorinho. O sindicato tem ainda a intenção de começar um projeto que ensine música para os filhos de trabalhadores das empresas.
O sindicato promove também debates a partir da ação Vidas em Construção, a respeito de moradia e da importância emocional de se comprar um imóvel. “Comprar uma casa tem um significado emocional, não é apenas uma troca comercial. De alguma maneira, isso não é muito entendido no geral. Então promovemos uma conversa a respeito do significado da moradia, em um ciclo de palestras com uma psicanalista”, conta Chwartzmann.
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