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14 de março de 2016
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21:02

Rodoviários podem sentir primeiro impacto de suspensão do dissídio nesta terça-feira

Por
Sul 21
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Rodoviários podem sentir primeiro impacto de suspensão do dissídio nesta terça-feira
Rodoviários podem sentir primeiro impacto de suspensão do dissídio nesta terça-feira
|Foto: Guilherme Santos/Sul21
Com retorno da passagem para R$ 3,25, empresas dizem que não poderão pagar salários acordados |Foto: Guilherme Santos/Sul21

Débora Fogliatto

Funcionários de cinco empresas que operam o transporte público em Porto Alegre aguardam por esta terça-feira (15) para ver se a ameaça de não receberem seus salários integralmente será cumprida. Na semana passada, o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) anunciou que voltaria a pagar os mesmos salários de antes do dissídio, firmado no início de fevereiro. O adiantamento de salário que deve ser pago no dia 15 por algumas empresas e no dia 20 por outras será o primeiro indicativo desta medida.

Segundo os empresários, devido a liminar obtida no dia 24 de fevereiro que determinou o retorno do valor da tarifa de R$ 3,75 para R$ 3,25, não será possível cumprir o acordado no dissídio, devido à “total e absoluta incapacidade de suas associadas em honrar com as cláusulas econômicas contidas na convenção coletiva do trabalho”. Os rodoviários já haviam recebido o valor reajustado no seu último salário, o que significa que haverá um retrocesso neste sentido. “As empresas estão se readequando ao que se pagava de salário com a tarifa a R$ 3,25. No mês passado já havia expectativa da nova tarifa, mas em função dessa liminar que está ainda vigorando, as empresas estão chegando a este momento e, lamentavelmente, tendo que recorrer a este e outros expedientes”, afirmou o advogado do Seopa, Alceu Machado.

Ele não confirmou quanto os rodoviários irão receber no adiantamento, mas informou que a situação financeira das empresas não permite o pagamento dos novos valores. “Se tem nova tarifa, tem aumento [de salários]. Se não tem mais a nova tarifa, não tem como ter. As empresas estão simplesmente se readequando à situação anterior, sabendo que tem aumento de combustível, pneu, que teve ônibus novos, e não pagar o dissídio não será o suficiente”, informou.

Na última quinta-feira (10), o desembargador João Pedro Silvestrin, vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), não deu conhecimento ao pedido do Sindicato para suspender o pagamento do dissídio acordado com os trabalhadores. Diante da decisão do TRT, os trabalhadores informam que irão entrar com uma ação no mesmo tribunal caso não recebam o adiantamento integral previsto para o dia 15. “Vamos ver amanhã como vai ser, a ideia é entrar com uma ação individual por empresa para que cumpram o dissídio. Já estamos com procuração pronta e vamos protocolar caso não paguem.  Até porque se não pagarem vai ter uma multa diária, devido à decisão de que são obrigados a cumprir o dissídio”, afirmou o presidente do Sindicado dos Rodoviários, Adair da Silva.

“Greve branca”

Dentre trabalhadores contrários à atual gestão do sindicato, circula a informação sobre uma possível “greve branca”, que seria mobilizada pela própria patronal para pressionar a população e o Judiciário a colocar a tarifa novamente a R$ 3,75. “Quem está fomentando essa questão junto aos trabalhadores são pessoas ligadas às gerências de algumas garagens, mas os trabalhadores estão firmes na posição de não aderir. Temos ciência de que há um acordo coletivo e cumpriria até uma multa, e a greve só favoreceria a patronal”, afirmou o delegado sindical da Carris Luis Afonso Martins. Ambos os sindicatos, porém, negam a possibilidade.


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