Débora Fogliatto
Em reunião na manhã desta quarta-feira (9), o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) anunciou formalmente aos rodoviários que não irá pagar o valor acordado em relação ao dissídio da categoria. Segundo os empresários, com a liminar que fez a tarifa de ônibus voltar a custar R$ 3,25, não será possível pagar o salário reajustado.
O Sindicato dos Rodoviários afirma que não irá tomar nenhuma atitude até o início de abril, visto que o valor foi pago integralmente em março. “Por enquanto, estamos com salário correto, pago em dia, garantido pelo nosso dissídio. Temos até o início do mês que vem, entre dias 1° e 5, para ver qual vai ser o pagamento dos salários. Por isso, por enquanto, não tomaremos nenhuma providência”, afirmou o vice-presidente, Sandro Abade.
O Seopa ingressou, nesta terça-feira (8), com uma comunicação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) informando ao TRT que não repassará o percentual aos empregados se a passagem não voltar a custar R$ 3,75. O advogado Alceu Machado argumentou que as empresas já contabilizam um prejuízo de R$ 3,4 milhões nesses 13 dias em que a passagem vigora ao valor de R$ 3,25. O salário dos trabalhadores, segundo ele, responde por um percentual de quase 50% no cálculo da tarifa. “As empresas vivem exclusivamente da receita, não tem mágica”, acrescentou Machado, destacando ser diferente para a Carris, que é uma empresa pública e tem o seu orçamento.
Para os trabalhadores, porém, o argumento não é válido, visto que o reajuste recebido foi praticamente apenas a reposição da inflação. “Tarifa não é com o sindicato, mas acertamos a reposição da inflação. Então para nós, independente da tarifa, do reajuste, a gente receberia”, apontou Abade. O reajuste acertado em fevereiro foi de 11,81% nos salários, com um ganho real de 0,5%. O vale-alimentação passou de R$ 21 para R$ 23,48.
No dia 24 de fevereiro, a juíza Karla Aveline Oliveira, da 5ª Vara da Fazenda Pública, acatou pedido feito pelo PSOL, determinando a suspensão do aumento da tarifa de ônibus e lotações em Porto Alegre, que voltou a o valor anterior três dias após entrar em vigor. A magistrada entendeu que a Prefeitura errou em reajustar o valor das tarifas sem ter acontecido previamente uma votação do Conselho Municipal de Transportes Urbanos. Pela decisão da juíza, os valores voltaram para R$ 3,25 (ônibus) e R$ 4,85 (lotação).
