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14 de agosto de 2015
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15:38

Ciclista é ameaçado de agressão após impedir tráfego de veículos em ciclovia de Porto Alegre

Por
Luís Gomes
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Ciclista é ameaçado de agressão após impedir tráfego de veículos em ciclovia de Porto Alegre
Ciclista é ameaçado de agressão após impedir tráfego de veículos em ciclovia de Porto Alegre
Frame retirado de vídeo mostra ciclista deitado na ciclovia sendo ameaçado por dois homens | Foto: Reprodução
Frame retirado de vídeo mostra ciclista deitado na ciclovia sendo ameaçado por dois homens | Foto: Reprodução

Luís Eduardo Gomes

Circula nas redes sociais um vídeo de um ciclista deitado com sua bicicleta em uma ciclovia na Av. Guaíba, no bairro de Ipanema, na Zona Sul de Porto Alegre. Ele está bloqueando o tráfego de veículos que invadem a ciclovia para se desviarem de uma obra que impede o trânsito normal na via. O vídeo mostra o ciclista discutindo com motoristas, moradores do bairro e operários da obra e sendo ameaçado de agressão (confira aqui).

Eduardo Candraia Costa, 44 anos, cozinheiro profissional, é o ciclista do vídeo. Morador do bairro, ele diz que estava se deslocando para o bairro Tristeza pela ciclovia. Quando chegou próximo à esquina da Av. Guaíba com a rua Déa Coufal – trecho em obras que ocupa cerca de uma quadra -, avistou carros vindos na direção oposta. Indignado com a situação, decidiu parar na ciclovia e impedir a passagem dos carros.

“É o único espaço que nós (ciclistas) temos. Eu me senti acuado quando vi carros, motos e um caminhão de gás vindo na minha direção. Sentei na ciclovia e bati o pé. É uma ciclovia, não é uma via pública. Onde eu vou andar, se eu não posso andar na ciclovia?”, questiona Costa, que diz ser ciclista há mais de 30 anos e é membro da Associação Ciclística da Zona Sul (ACZS).

Segundo ele, a obra (a substituição de uma adutora de água tratada) começou há cerca de 45 dias na Déa Coufal e vem avançando desde então em direção à Av. Guaíba, mas a sinalização não está adequada sobre o desvio que os veículos devem tomar para não passarem pela ciclovia.

“A obra foi avançado para a beira da praia e eles deixaram o trânsito invadir. Não há nenhuma informação, não há nenhuma placa impedido”, afirma o ciclista. “Os moradores locais conhecem, quem é de fora só se depara com a obra quando chegam na avenida e as pessoas sem noção invadem a ciclovia”, afirmou.

Ao fundo, placas indicam que o desvio deve ser feito pela ciclovia | Foto: Cedida pela EPTC
Foto: Cedida pela EPTC

De acordo com a (EPTC), o desvio dos carros pela ciclovia é o adequado e a sinalização no local está satisfatória. “A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informa que, momentaneamente, em razão das obras, o desvio do trânsito está sendo feito pela ciclovia, para permitir uma melhor acessibilidade a região. Há sinalização indicativa de obras no local. No trecho, o tráfego é misto e o ciclista tem prioridade na circulação”, informou a entidade.

Discussão e a ameaças de agressão 

O vídeo foi feito por João Adures Pich, amigo de Costa que passava pelo local, com o objetivo de proteger o ciclista de agressões. As imagens mostram primeiro ele discutindo com uma mulher, que seria moradora do bairro. Ele chega a se levantar para reagir aos insultos dela, mas volta a se sentar. Nesse momento, a mulher o acusa de ameaça de agressão. Posteriormente, dois homens se aproximam de Costa, que está de novo sentado, e começam a insultá-lo. Claramente, também o ameaçam de agressão.

“A postura que eu tomei não foi a melhor possível”, reconheceu Costa. “Mas, como eu era o único, tive que tomar uma atitude defensiva. Se eles são loucos para querer me agredir, vou mostrar que sou mais louco para me defender”, afirmou

Costa diz que a situação só foi resolvida após cerca de 20 minutos com a chegada de um oficial da Brigada Militar. “Quando a BM chegou, coloquei para eles o que estava acontecendo, que estavam tirando o meu direito. O oficial entendeu assim, pediu uma barreira da EPTC e fez com que todos os carros dessem ré. O brigadiano me salvou fazendo com que as pessoas tirassem os carros”, relata o ciclista.

Segundo ele, cones foram então colocados no local para impedir que carros passassem pela ciclovia.


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