Cidades
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17 de abril de 2015
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18:01

II Fórum pela Paz na Colômbia será determinante para manter ou romper trégua entre insurgentes e governo

Por
Sul 21
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 representante do Movimento Político Social Marcha Patriótica (MAPA), Sergio Andrés Quintero Londoño. Foto: Guilherme Santos/Sul21
representante do Movimento Político Social Marcha Patriótica (MAPA), Sergio Andrés Quintero Londoño. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Da Redação 

O mês de junho poderá ser determinante para os rumos do conflito social e armado da Colômbia. Há meio século em guerra, o estado colombiano sofre consequências políticas, econômicas e sociais que colocaram o país em um impasse. Nos dias 5, 6 e 7 de junho, em Montevidéu (Uruguai), ocorrerá o 2º Fórum pela Paz na Colômbia. Uma oportunidade, segundo o representante do Movimento Político Social Marcha Patriótica (MAPA), Sergio Andrés Quintero Londoño, para o país avançar no diálogo ou romper a trégua que completa três anos sem acordos.

O conflito envolvendo as Farc na Colômbia dura mais de 50 anos, sendo um dos mais duradouros da América Latina. Estima-se que desde a década de 1960, quando teve início, cerca de 220 mil pessoas tenham perdido suas vidas no conflito e 3 milhões tenham sido forçadas a deixar suas casas para fugir da guerra interna. Negociações de paz entre o governo colombiano e as Farc vêm sendo feitas há dois anos, com mediação do governo de Cuba.

Outros incidentes violentos, no entanto, interromperam várias vezes as negociações, como ocorreu nesta quarta-feira (15). Por decisão do presidente Juan Manuel Santos, foram retomados os bombardeios contra as Farc, após um ataque, atribuído à organização, ter matado dez militares e deixado 17 feridos em Cauca, Oeste do país.

As negociações entre as FARC e o governo de Juan Manuel Santos avançaram em metade dos seis pontos propostos na mesa de negociação firmada entre as partes, em Havana. Entre os três que já foram aprovados parcialmente está o desenvolvimento agrário, participação política e narcotráfico. “A base produtiva das regiões mais pobres do país se tornaram a produção de coca, maconha e papoula por falta de alternativas. Já foi entregue à ONU (Organização das Nações Unidas) um termo propondo a garantia de troca por cacau, feijão e outros elementos. No entanto, os latifundiários estigmatizam estes camponeses como porta-vozes das Farc para aumentar o conflito”, afirma o ativista Sérgio Quintero.

 representante do Movimento Político Social Marcha Patriótica (MAPA), Sergio Andrés Quintero Londoño./ Foto: Guilherme Santos/Sul21
Representante do Movimento Político Social Marcha Patriótica (MAPA), Sergio Andrés Quintero Londoño./ Foto: Guilherme Santos/Sul21

Insurgentes não-armados querem o fim da guerra 

Segundo dados apresentados pelo Movimento Marcha Patriótica, ao longo dos anos o país já contabiliza 150 mil mortos no conflito armado e social do estado colombiano. Além dos presos e assassinados neste período, o país contabiliza 6,5 milhões de camponeses deslocados de suas terras por conta da guerra e outros inúmeros reflexos sociais que puderam ser apresentados à comunidade internacional na primeira edição do Fórum. O I Fórum pela Paz na Colômbia ocorreu em 2013, em Porto Alegre, e garantiu visibilidade para o país para além das Farc e do narcotráfico.

“Organismos internacionais e autoridades dos países da América Latina reconheceram o que acontece para além do conflito. Entidades de Direitos Humanos de outros lugares visitaram os territórios mais conflagrados na Colômbia para auxiliar na fiscalização dos abusos e violações. Portanto, a segunda edição do evento, trará ainda mais esperança de podermos avançar o fim da guerra”, fala Quintero.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Mobilização para o Fórum começou pelo Brasil

Apesar dos avanços que já foram obtidos e reconhecidos por ambas as partes, há no país certo temor de que o processo fracasse, tal como outros que foram levados a cabo por governos anteriores.  O acordo final, que encerrará o conflito de mais de 50 anos com a guerrilha no país, ainda não tem data definida. Um dos pontos centrais para isso ainda não teve acordo, que é o referendo para a realização de uma Assembleia Nacional Constituinte para definir as normas e uma nova democracia no país.

Para os insurgentes, “é necessário mudar a lei fundamental de modo que possa ficar garantida que um próximo governo não possa negar e desconhecer o acordo de paz pactuado”.  “Hoje, como está, funcionará apenas para o governo Santos”, comenta o representante do MAPA.

O Movimento Marcha Patriótica realiza evento às 21 h desta sexta-feira (17), no Plenarinho da Assembleia Legislativa do RS. A preparação do II Fórum pela Paz na Colômbia nos países da América da Latina começou em abril,  pela região sul do Brasil. “Identificamos Porto Alegre como uma capital importante nas lutas e resistências sociais, por isso estamos aqui . Nesta segunda edição começamos mobilizando o Paraná e Santa Catarina e agora o Rio Grande do Sul”, explicou.


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