Cidades
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20 de abril de 2015
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22:07

Brigada reforça policiamento na região leste da Capital após incêndio em ônibus

Por
Sul 21
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Nesta segunda-feira, moradores do Beco dos Cafunchos ficou sem ônibus até o final da tarde devido à insegurança|Foto: Unibus/Divulgação
Nesta segunda-feira, moradores do Beco dos Cafunchos ficaram sem ônibus até o final da tarde devido à insegurança, após coletivo incendiado|Foto: Celso Bueno/Divulgação

Jaqueline Silveira

A Brigada Militar reforçou o policiamento na Vila dos Herdeiros – também conhecida como Beco dos Cafunchos -, na Capital, nesta segunda-feira (20), depois que um ônibus da linha Herdeiros/Esmeralda foi incendiado na noite de domingo (19) por três homens armados que mandaram os 30 passageiros, além do motorista e do cobrador, descerem do coletivo e atearam fogo. Na noite desta segunda, o número de policias deverá ser reforçado ainda mais com a presença do Batalhão de Operações Especiais (BOE) do 19º Batalhão de Policiamento Militar. Desde a manhã, viaturas com os brigadianos do Pelotão de Operações Especiais (POE) da 3ª Companhia do 19º Batalhão, responsável pela região, circulam pelo Beco dos Cafunchos.

Mesmo com a segurança reforçada, a linha no local só foi retomada no final da tarde da segunda-feira. Conforme o consórcio Unibus, responsável pela linha no Beco dos Cafunchos, os coletivos só voltaram a circular do terminal na Avenida Antônio de Carvalho até as Vilas dos Herdeiros e Esmeralda, retornando ao local de partida. Normalmente, os ônibus vão das vilas até o centro da Capital. Já nesta terça-feira – feriado -, os ônibus farão esse mesmo itinerário, porém a cada 30 minutos. Já na quarta-feira (22), os horários serão menos espaçados, mas será mantido o mesmo percurso, sem se dirigir ao centro.

Depois do incêndio, empresa mudou itinerário do ônibus que só vai do terminal até as vilas? Foto: Unibus/Divulgação
Depois do incêndio, empresa mudou itinerário do ônibus que só vai do terminal até as vilas? Foto: Celso/Divulgação

De acordo com o consórcio Unibus, há “muita insegurança nas tripulações” e, enquanto permanecer esse clima, os coletivos farão somente o trajeto entre as vilas e o terminal. O motorista e o cobrador estão, por enquanto, afastados do trabalho por “problemas psicológicos”. Nesta segunda, moradores da Vila dos Herdeiros precisaram caminhar até Avenida Bento Gonçalves ou a Estada João de Oliveira Remião para pegar o coletivo.

Líder comunitário do Beco dos cafunchos está desapareido desde o dia 27 quando foi sequestrado desua casa|Foto: Reprodução/Facebook
Líder comunitário do Beco dos Cafunchos está desaparecido desde o último dia 27 quando foi sequestrado de sua casa|Foto: Reprodução/Facebook

Localizado entre os bairros Agronomia e Lomba do Pinheiro na região leste da Capital, o Beco dos Cafunchos tem sido palco de episódios em sequência e de uma disputa entre dois grupos rivais pelo tráfico. Desde o dia 27 de março, o líder comunitário Jorge Leandro da Silva está desaparecido. Ex-funcionário da Carris e atuante na Vila dos Herdeiros, ele foi sequestrado em sua própria casa. Recentemente, o taxista Luciano Juceli da Silva Jaime também desapareceu na região. Ele não foi mais visto depois de fazer corrida até o beco. Os dois casos são investigados pela 21ª Delegacia de Polícia da Lomba do Pinheiro, mas ainda não há pistas.

Região conflagrada

O reforço no policiamento, conforme o comandante da 3ª Companhia do 19º Batalhão, Major Dagoberto Albuquerque, deve ser mantido até o próximo final de semana. Ele afirmou que “há uma situação de muita desigualdade” no Beco dos Cafunchos e que a maioria das famílias que moram no local – cerca de mil – depende do transporte para se deslocar ao trabalho. “É um problema de segurança que afeta a maioria das pessoas”, afirmou ele. O major afirmou que a segurança até chega à periferia, mas que “nossos recursos não permitem estarmos em todas as áreas”. “Há (polícia), mas ela está atendendo ocorrência. A polícia sai de uma ocorrência para outra”, explicou Albuquerque, que atua em uma das regiões mais violentas de Porto Alegre, sobre as dificuldades para fazer a segurança. “A gente vai tentar dar uma resposta à comunidade”, prometeu o comandante da 3ª Companhia, que está elaborando um cadastro de líderes comunitários para visitá-los em busca de uma aproximação com a população e também de informações que auxiliem no combate à criminalidade no Beco dos Cafunchos, que fica, segundo ele, “em uma área conflagrada”.

Sobre a motivação da queima do ônibus, Albuquerque afirmou que várias possibilidades são levantadas. Uma delas diz respeito ao “vácuo de poder” que teria sido deixado pela prisão do líder do trafico na região, conhecido como Teréu, ocorrida há uma semana. Uma possibilidade é a tentativa de atrair a Brigada Militar ao local e evitar que o grupo rival entre no beco e assuma o tráfico no local.


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