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26 de março de 2014
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19:48

“Não se faz omelete sem quebrar ovos”, diz Fortunati sobre obras em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Fortunati falou à imprensa antes do almoço “Imagina depois da Copa”, na Federasul | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Débora Fogliatto

O prefeito José Fortunati (PDT) garantiu, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (26) na Federasul, que as obras do entorno do Beira-Rio estarão prontas para Copa do Mundo em Porto Alegre. Ele também destacou a importância da aprovação do projeto de lei sobre as estruturas temporárias, apreciado ontem pela Assembleia Legislativa, e reiterou que as obras realizadas deixam um legado para a cidade.

Fortunati admitiu que aconteceram vários problemas que acabaram “atrapalhando muitas das obras”, mas que a cidade está “mudando a sua cara”. “Num primeiro momento as obras nos geram complicações, mas não se faz uma boa omelete sem quebrar ovos”, comparou.

Sobre a afirmação do governador Tarso Genro (PT) de que aceitar a Copa foi “uma roubada”, Fortunati disse não concordar, afirmando ter sido “um acerto”. Para o prefeito, a Copa se mostrou uma oportunidade “fantástica”, por ter permitido o investimento de R$ 280 milhões em realização de obras, além de movimentar a economia e gerar empregos. “O Brasil não termina depois da Copa, a cidade não termina. Ao contrário, a cidade continua existindo, assim como as obras”, afirmou, lembrando que a maior parte delas já foi retirada da matriz da Copa sem causar nenhum problema.

Ele exemplificou a importância das obras falando do reassentamento de 1.500 famílias que serão removidas do entorno da Avenida Tronco e irão para “moradias dignas”. O projeto está no plano diretor da cidade desde 1979, segundo o prefeito, e nunca havia sido viabilizado. Parte das obras para essa parte da cidade já estão prontas, com ciclovias, corredores de ônibus e “qualidade de vida para as pessoas que hoje moram de uma forma indigna, em sub-habitação”.

O problema, para o prefeito, é que a cidade acaba “pagando a conta” por acontecimentos de outros lugares. Ele criticou a escolha de 12 capitais para serem cidades-sedes da Copa, o que contrariou a sugestão da FIFA de serem apenas oito. Fortunati classificou a construção de estádios em algumas cidades, como Manaus, como “elefantes brancos” e lembrou que em Porto Alegre, ao contrário de outras capitais, só foi gasto do poder público o dinheiro da isenção de impostos para as reformas do Beira-Rio.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Obras do estádio Beira-Rio já estão concluídas, e agora apenas depende das estruturas temporárias | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Estruturas temporárias  

Fortunati afirmou que conversou com alguns deputados durante o final de semana e percebeu o “desconhecimento geral” sobre o projeto referente às estruturas temporárias por parte deles. A proposta foi votada nesta terça-feira (25), e aprovada após cerca de três horas de debate por 31 votos a 19. O PL 17/2014 determina a concessão de incentivo fiscal no valor de R$ 25 milhões para a iniciativa privada construir as estruturas temporárias da Copa do Mundo.

“Sem estruturas temporárias, a Copa do Mundo não aconteceria”, reiterou o prefeito, afirmando agora estar tranquilo de que isso estará pronto até o final do mês de maio. Ele explicou que são necessários equipamentos diferenciados para a cobertura da imprensa, por exemplo, devido ao volume de veículos interessados em transmitir os jogos e dos equipamentos necessários. “Nenhum estádio tem a estrutura adequada para cobrir uma Copa do Mundo. Numa Copa as exigências se multiplicam muito em função do número de veículos que vêm cobrir”, afirmou.

De acordo com Fortunati, a prefeitura já vinha conversando com algumas empresas multinacionais com sede em Porto Alegre para a realização dessas estruturas e já tem uma sinalização “muito positiva”. Ele explicou que os R$ 5 milhões que ficarão faltando do orçamento serão cobertos com equipamentos já existentes ou que poderão ser utilizados pela prefeitura e pelo estado após o evento. Isso foi possível a partir de um acordo entre os dois âmbitos executivos, o Sport Clube Internacional e o Ministério Público. “Obviamente combinamos que nenhum equipamento será comprado ou alugado sem que haja serventia”, garantiu.

Atrasos nas obras

Fortunati garantiu o término das obras na Av. Beira-Rio, o viaduto Pinheiro Borda e os corredores da Padre Cacique, apesar do atraso, até a Copa do Mundo. As demais obras ainda não estarão prontas, o que não preocupa o prefeito. “O importante é que não são obras para a Copa, nós já retiramos da matriz de responsabilidade e isso não criou nenhum problema”, assegurou.

Perguntado sobre os motivos dos atrasos, Fortunati classificou a maior parte deles como “fatores externos”. Na Avenida Voluntários da Pátria, ele explicou que a existência de um sítio arqueológico descoberto pelo IPHAN prejudicou o andamento das obras, enquanto na Anita Garibaldi o atraso foi devido à existência de uma pedra cuja destruição poderia prejudicar as estruturas dos prédios. Já na Cristóvão Colombo, foi necessário negociar com a comunidade da região, que não concordava em ceder parte do terreno da escola Amigos do Verde para a abertura de trincheiras. O acordo só foi possível há duas semanas, de acordo com o prefeito.

Além disso, o governo federal demorou até dezembro para liberar recursos que deveriam ser repassados em outubro, segundo Fortunati. Esse dinheiro seria direcionado para o pagamento das empreiteiras, que paralisaram as atividades enquanto não receberam o valor. O prefeito também mencionou que havia comércio irregular no entorno do estádio Beira-Rio, que precisou ser desalojado para as preparações da Copa. “No caso do viaduto Vicente Borba, que pode parecer mais atrasado, eles nunca suspenderam as obras, mesmo sem o pagamento. Eu confio muito no consórcio”, afirmou, dizendo que as obras “estão asseguradas”. 

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Viaduto Pinheiro Borda, na Av. Edvaldo Pereira Paiva, deve ficar pronta até a Copa | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

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