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22 de abril de 2016
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19:14

Projeto Banho Solidário busca financiamento coletivo em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Foto: Projeto Banho Solidário/ Divulgação
Proposta é ter um banheiro masculino e um feminino que possam ser rebocados | Foto: Projeto Banho Solidário/ Divulgação

Débora Fogliatto

Cientes das dificuldades pelas quais passam as pessoas em situação de rua para conseguir realizar sua higiene pessoal, um grupo de mulheres de Porto Alegre teve a ideia de trazer para a cidade o projeto Banho Solidário. A proposta é baseada em uma iniciativa já existente e bem-sucedida em Vitória da Conquista, na Bahia, onde o idealizador Cláudio Lacerda atende cerca de 30 pessoas por semana em banheiros construídos em um contêiner que pode ser movido por reboque.

Para conseguir colocar em prática o projeto, elas precisam chegar à marca de R$ 20 mil ainda nesta sexta-feira (22), pelo site Benfeitoria. Já foi arrecadado um pouco mais da metade do valor através da internet, e as organizadoras também planejam uma festa, que será realizada a partir das 22h no Galpão do IBGE, para ajudar com os gastos. O ingresso custa R$ 10 e todas as verbas serão revertidas para a construção dos banheiros.

Com o dinheiro, será confeccionada a estrutura com chuveiros masculino e feminino, que podem ser rebocadas e estacionar alguns dias da semana em local de fácil acesso para pessoas em situação de rua, proporcionando um banho quente. “Eles terão também um espaço pra se secar, ganchos para deixarem sua roupa, e voluntários que vão estar do lado de fora para auxiliar e cuidar dos pertences”, afirma Tatiana Xavier, uma das idealizadoras. O xampu e sabonete serão adquiridos a partir de doações e, segundo ela, já há parceiros interessados em colaborar nesse sentido.

Neste momento, porém, o mais importante é conseguir chegar à meta no site, porque devido às regras do Benfeitoria, caso não seja possível, o financiamento é cancelado e o dinheiro, devolvido para quem já colaborou. “Estamos contando muito com a solidariedade, mas já estamos perto do horário de encerrar. Se o projeto não sair do papel, ficaremos muito tristes porque percebemos a necessidade de existir esse serviço”, afirma Tatiana.

Ela, que é militante de direitos humanos há anos, relata que percebeu em seu contato com pessoas em situação de rua esta necessidade. Quando surgiu a ideia do projeto, em conjunto com outras três ativistas, ela relata que foram a campo conhecer e conversar com aqueles que seriam diretamente afetados pela proposta, os quais relataram suas histórias.

Projeto já existe em Vitória da Conquista, na Bahia | Foto: Projeto Banho Solidário/ Divulgação
Projeto já existe em Vitória da Conquista, na Bahia | Foto: Projeto Banho Solidário/ Divulgação

Um dos homens com quem as idealizadoras conversaram vive no bairro Bom Fim, onde auxilia a lavar calçadas, e toma banho dentro dos contêineres de lixo orgânico, com um balde de água e um pano. “Falamos também com um senhor que fica nos entornos da Redenção, e tem que caminhar uma hora até o Parque Marinha pra tomar banho, para poder usar um chuveirinho que tem lá. Teve uma mulher que relatou que tem que catar 150 latinhas para conseguir R$ 5 e tomar banho em um hotel da Voluntários”, conta.

Ela afirma que há muito preconceito referente à forma como as pessoas vivem na rua, destacando que os abrigos destinados a eles têm regras complicadas de serem seguidas, como horários rígidos e a impossibilidade de levar animais de estimação. “Tem gente que tem que catar latinhas nos entornos de festas e bares, por exemplo, durante a noite, e perde o horário de entrar”, aponta Tatiana.

As quatro voluntárias, segundo ela, não estão com a intenção de fazer caridade, mas sim de lutar por um direito para esta população. O projeto não tem ligação com o poder público, por ter o objetivo de ser autônomo e gestionado por cidadãos. “Nossa intenção não é envolver gestão. Não queremos que seja relacionado com figuras políticas ou de poder público”, garantiu Tatiana. O projeto não tem vínculos também com instituições religiosas ou sociais.

A festa em prol do projeto acontece nesta sexta-feira (22) e os ingressos podem ser adquiridos nos pontos de venda:  Lancheria do Parque (Av. Osvaldo Aranha, 1086), Café Cantante (Rua Fernandes Vieira, 615), El Pasito (Rua José do Patrocínio, 824), Café Cartum (Rua José do Patrocinio, 637), e Loja Sirius (Rua da República, 304), além de no próprio local.

Confira o vídeo com algumas histórias de pessoas em situação de rua:


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