Da Redação
Após a ação policial que deixou mais de 100 pessoas feridas, o governo do Estado do Paraná divulgou nota em que diz lamentar o ocorrido e responsabiliza black blocs “por envolvimento direto nos ataques aos policiais”. Já o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP), também por meio de nota, disse que esta quarta-feira (29) “entrará para a história como uma data a se lamentar”. “O governo do Paraná ultrapassou todos os limites. Da civilidade, da moralidade, da humanidade. O execrável exemplo de abuso de autoridade – protagonizado pelo governador Beto Richa e pelo secretário de Segurança Pública Fernando Francischini – é uma mancha deplorável na história do nosso Estado”, diz o texto publicado na página do sindicato na internet.
Mais de 100 pessoas ficaram feridas esta tarde depois que a Polícia Militar paranaense usou balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água contra manifestantes, na maioria professores da rede estadual que protestavam contra o governo, no Centro Cívico, em frente à Assembleia Legislativa. Os docentes em greve lutavam contra um projeto de lei encaminhado pelo Executivo à AL para alterar a previdência estadual, que tira 33 mil aposentados com mais de 73 anos do Fundo Financeiro, sustentado pelo Tesouro estadual e que está deficitário, e os transfere para o Fundo de Previdência do Paraná, pago pelos servidores e pelo governo, que está superavitário.
Apesar de tudo, o projeto de lei acabou aprovado na Assembleia por 31 votos a 20 e os a professores anunciaram que permanecerão em greve. O texto final será encaminhado para a sanção do governador Beto Richa.
Cordão da PM impediu atendimento
Segundo a RBA, ambulâncias tiveram dificuldade de se aproximar para socorrer os feridos, uma vez que a Tropa de Choque da Polícia Militar fez um cordão para isolar o prédio da Assembleia. Havia entre os feridos idosos, crianças e deficientes. Uma senhora que se apoiava nas grades do prédio da Assembleia foi alvejada à queima-roupa por um disparo de bala de borracha no meio das costas enquanto a polícia avançava contra os manifestantes.
O deputado Rasca Rodrigues (PV) e um repórter foram mordidos por um cachorro da PM. Entre as forças de repressão, 25 soldados intoxicaram-se com o gás lacrimogêneo lançado por seus colegas.
Enquanto deputados governistas falavam na ação de supostos black blocs, o deputado Nereu Ramos (PMDB) ironizou: “São black blocs armados de giz e avental”. O também peemedebista Requião Filho foi mais realista: “Nós, como poder, deveríamos nos envergonhar do que aconteceu aqui hoje”.
CDH da Câmara envia deputado ao Paraná
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) foi chamado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e representantes dos manifestantes para ir até Curitiba apurar os casos de violência. O parlamentar deve chegar à capital paranaense ainda esta noite.
Pimenta informou que já entrou em contato com o gabinete do Governador Beto Richa pedindo providências para que cessem os ataques. Pimenta disse ainda que violações serão denunciadas aos órgãos competentes.