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4 de novembro de 2014
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01:25

Em disputa acirrada, Chapa 1 vence por 30 votos eleição para comando do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre

Por
Sul 21
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Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Adair da Silva (ao fundo, à direita), novo presidente do Sindicato dos Rodoviários, comemora a vitória após a contagem final dos votos, no auditório do Ministério Público do Trabalho | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Samir Oliveira

Às 21h15min desta segunda-feira (03/11), Adair da Silva pôde comemorar: acabava de ser consagrado o novo presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre. Líder da Chapa 1, Força Rodoviária, ele cumprirá um mandato de cinco anos à frente de uma entidade combalida por dívidas estimadas em até R$ 5 milhões e pouco legitimada perante a categoria.

Dos cerca de 10,5 mil trabalhadores, entre aposentados e ativos, apenas 1.454 mil participaram do pleito, já que para votar é preciso ser sindicalizado e estar em dia com as contribuições mensais – que são de R$ 58 para motoristas e de R$ 40 para cobradores. O próprio presidente eleito, que tomou posse logo após a votação, reconhece a situação conturbada da entidade. “Vamos trabalhar para resgatar sócios, porque hoje, infelizmente, nosso sindicato está na decadência, não tem mais nada, está com uma dívida impagável, mas vamos administrá-la”, comenta.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
As 14 urnas começaram a ser apuradas após as 17h e o resultado foi divulgado às 21h15min | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Adair da Silva se elegeu com 596 votos e pertence ao mesmo grupo político da antiga direção do sindicato, apoiado pela Força Sindical. Ao longo da disputa, ele contou com o apoio do ex-presidente da entidade, Júlio Gamaliel, que havia se licenciado para concorrer a deputado estadual pelo PMDB.

Segundo colocado na eleição, Alceu Weber é o líder da Chapa 4, Rodoviários na Luta, que recebeu o apoio da CUT-RS e obteve 566 votos. O trabalhador da Carris foi um dos principais líderes da histórica greve que durou 15 dias durante o mês de fevereiro e foi realizada à revelia da direção do sindicato. Ele avalia que a eleição estava bastante polarizada e acredita que se o quórum de votantes fosse maior, o resultado poderia ter sido outro. “Imaginamos desde o início uma eleição muito apertada, não imaginávamos perder por 30 votos, mas sabíamos que seria apertado. Imaginando o percentual de votantes e o total da base, conseguimos compreender que é fácil chegar nesse resultado, porque não temos um quórum amplamente democrático”, analisa.

Líder da Chapa 2, Unidade Rodoviária, Luís Afonso Martins obteve 184 votos e contou com o apoio da Conlutas e da corrente da CUT-RS chamada Movimento de Luta Socialista . Presente nos protestos contra o aumento das passagens em 2013 e figura importante na greve de fevereiro deste ano, ele entende que seu papel, como integrante da oposição, é trabalhar para reorganizar a categoria. “Vivemos um processo democrático que serviu de escola aos trabalhadores rodoviários, reconhecemos o resultado e acatamos a decisão dos trabalhadores. Como oposição, cabe a nós agora reorganizar a luta, temos um dissídio coletivo pela frente e todo um enfrentamento”, projeta.

Por Ramiro Furquim/Sul21
Procurador do Trabalho Noedi Rodrigues fiscalizou e acompanhou o pleito | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

A chapa 3, liderada por Gerson Assis – que havia sido candidato a presidente no grupo vencedor durante o pleito de 2011, anulado pela Justiça -, obteve 108 votos e contou com o apoio da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Agora, a próxima atuação da direção do sindicato deverá ocorrer ainda neste ano, durante o processo de negociação do dissídio coletivo da categoria para 2015. A data base para a concessão do reajuste é 1º de fevereiro. É a partir deste processo que as empresas de ônibus começam a fazer os cálculos para o reajuste da passagem, que é submetido a votação no Conselho Municipal de Transporte Urbano e, então, ao crivo da prefeitura.

Para procurador, eleição ocorreu dentro da normalidade

A eleição para o comando do Sindicato dos Rodoviários ocorreu sob acompanhamento e fiscalização do Ministério Público do Trabalho (MPT), a partir de uma decisão do Tribunal do Trabalho da 4ª Região (TRT-4). Coordenador da Comissão Eleitoral, o procurador do Trabalho Noedi Rodrigues avalia que o pleito ocorreu de forma tranquila e reconhece que sua mera realização não representa, por si só, a solução para os problemas da categoria.

“Tínhamos pouco tempo, muitos problemas, mas tudo foi administrado e o processo se tornou viável. Nós consideramos essa eleição um passo importante, mas sabemos que o sindicato tem uma situação financeira, administrativa e de legitimação caótica”, avalia.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Urnas que foram usadas na eleição sindical| Foto: Ramiro Furquim/Sul21
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Fiscais fazem o escrutínio | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
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Chapas acompanharam todo o processo de apuração| Foto: Ramiro Furquim/Sul21
 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Movimento também na área externa da sede do MPT| Foto: Ramiro Furquim/Sul21

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