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6 de junho de 2014
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00:54

Em Porto Alegre, ato nacional denuncia a criminalização dos movimentos sociais

Por
Sul 21
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 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Atividade reuniu militantes de partidos políticos, sindicatos, centrais sindicais e organizações e coletivos anarquistas | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Samir Oliveira

Diversos setores da esquerda se reuniram em Porto Alegre na noite desta quinta-feira (5) para debater a atual conjuntura política e social no país passado um ano desde junho de 2013, que cristalizou mobilizações históricas no cenário nacional. O ato ocorreu no auditório do CPERS e contou com a presença de militantes e lideranças da Federação Anarquista Gaúcha (FAG), do Moinho Negro, do Utopia e Luta, do PSOL, do PSTU, da corrente sindical A CUT Pode Mais, da central CSP-Conlutas e da Aliança Nacional de Estudantes – Livre (ANEL).

Também estiveram presentes representantes de dezenas de sindicatos, muitos diretamente relacionados às greves que estão em curso no Brasil às vésperas da realização da Copa do Mundo FIFA. Um dos gatilhos para o debate foi a abertura de inquéritos policiais – com sua consecutiva aceitação pelo Ministério Público e acolhimento pelo Judiciário – contra ativistas que estiveram na linha de frente dos protestos do ano passado.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
“Não é só uma criminalização política, existe uma criminalização da pobreza”, disse Lorena Castillo, da Federação Anarquista Gaúcha (FAG) | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Em Porto Alegre, seis integrantes do Bloco de Luta pelo Transporte Público estão sendo acusados de formação de quadrilha, em um inquérito que já está em andamento no Judiciário. Além disso, há outros inquéritos em curso que atingem parte dos mesmos militantes e outros ativistas.

Luiz Carlos Prates, conhecido como Mancha, da direção nacional do PSTU, informa que mais de duas mil pessoas foram presas desde junho do ano passado em função de suas atuações políticas em mobilizações. Ex-preso político, ele compara o cenário de criminalização atual com as perseguições implementadas durante a ditadura militar.

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Ativistas realizaram exposição de fotos dos protestos de junho de 2013 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Integrante da FAG, Lorena Castillo considera que as organizações de esquerda precisam ter “espírito de solidariedade de classe e não-sectarismo” na atual conjuntura de investida do Estado e “dos de cima” contra os militantes políticos e, também, contra as comunidades pobres. “Não é só uma criminalização política, existe uma criminalização da pobreza”, observa.

Ela aponta que, após as manifestações de 2013, a população passa a não aceitar mais as opressões de forma dócil. “Há uma imposição diferente dos de baixo. Já não existe mais o marasmo que existia há um tempo. Se estão querendo que a gente recue, mais vamos trancar o pé”, assegura.

A ex-deputada federal Luciana Genro, pré-candidata à vice-presidência da República pelo PSOL, esteve presente no encontro e disse que as manifestações de junho de 2013 foram “o primeiro movimento de massas, em tanto tempo, que não foi liderado pela burguesa, como as Diretas Já, nem pelo PT, como o Fora Collor”.

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“A luta não se reprime! Protesto não é crime!” | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Ela considera que a consolidação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) a partir de intensos e numerosos protestos em São Paulo constituem “o maior legado da Copa”. E criticou os governo petistas por “permitirem que a polícia e o Ministério Público sejam instrumentalizados para fazer perseguição política”.

Advogada de um dos indiciados do Bloco de Luta, Luciana denunciou o caráter político da investigação policial, que disse ser baseada em “fotografias onde eles (os ativistas) estão com megafone (nos protestos)”.

Os seis militantes do Bloco de Lutas que respondem a processo na Justiça também estiveram presentes. Matheus Gomes, Gilian Cidade, Rodrigo Brizolla, Alfeu Neto, Lucas Maróstica e Vicente Mertz articulam uma campanha nacional de coleta de assinaturas para um abaixo assinado que exige o arquivamento da ação penal.


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