Samir Oliveira
Movimentos sociais do país inteiro realizaram ato contra a Copa do Mundo FIFA nas principais cidades brasileiras ao longo desta quinta-feira (15). O dia de mobilizações está sendo chamado de 15M e, em Porto Alegre, contou com a realização de uma manifestação organizada pelo Bloco de Luta pelo Transporte Público e pelo Comitê Popular da Copa.
O protesto teve início por volta das 18h, em uma concentração em frente à prefeitura – poucos minutos após a chuva torrencial que caía sobre a cidade ter arrefecido. Os manifestantes portavam faixas com críticas ao mundial e comemoravam o clima de mobilização presente em diversas categorias de trabalhadores no país, que ameaçam paralisar as atividades durante a Copa. “Não vai ter Copa. Nossa saída é uma greve geral”, conclamava uma das faixas.
A marcha teve início às 19h30min, percorrendo a Avenida Borges de Medeiros em direção ao Viaduto Otávio Rocha. O protesto contou com a presença de muitos moradores de vilas populares, atingidos diretamente pelas obras viárias – como o alargamento e a duplicação de avenidas – implementadas em função da Copa. “Copa sem povo, tô na rua de novo. Os atingidos das vilas Dique, Tronco e Santa Tereza. Queremos saúde, educação e moradia”, dizia uma faixa carregada pelo grupo.
O protesto desta quinta-feira também contou com palavras de ordem contra os efeitos da Copa junto às comunidades pobres dos centros urbanos. A maior crítica dizia respeito às remoções de moradores de suas casas em função das obras viárias. “Somos o povo e as nossas casas ninguém vai derrubar”, gritaram os manifestantes.
Às 20h, a marcha chegou na esquina da Avenida Loureiro da Silva com a Rua José do Patrocínio, próximo ao Largo Zumbi dos Palmares. O grupo formou uma roda no local e ouviu o pronunciamento de moradores das vilas Cruzeiro, Dique e Santa Tereza, que criticaram o processo de remoções forçadas que estão tendo que enfrentar.
O legado da Copa, de acordo com os manifestantes
Na convocação para o protesto desta quinta-feira em Porto Alegre, criada através de um evento no Facebook, os manifestantes elaboraram uma lista dos principais problemas que relacionam com a realização da Copa do Mundo FIFA no Brasil e na cidade.
Eles alegam que o legado do mundial de 2014 será “8 mortes nas arenas da Copa e mais 3 em outras que seguem o mesmo modelo”, “250 mil pessoas removidas à força de suas casas”, “trabalhadores ambulantes e artistas independentes impedidos de trabalhar”, “mulheres, crianças e adolescentes sofrendo com exploração sexual”, “pessoas em situação de rua sofrendo violência”, “empresas tomando conta de nossas ruas e espaços públicos”, “elitização dos estádios de futebol”, “bilhões investidos em armamentos para as forças de repressão usarem contra o povo”, “leis de exceção que criminalizam o direito de manifestar” e “uma enorme e questionável dívida pública para a população pagar”.
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