Marco Weissheimer
Dois óbitos em 24 horas. A notícia sobre a evolução da pandemia do novo coronavírus em Passo Fundo, na noite de quarta-feira, acendeu o sinal de vermelho de alerta para as autoridades sanitárias do município e do Estado. No início da noite, a Secretaria Municipal de Saúde de Passo Fundo confirmou o sexto óbito de morador da cidade infectado pelo novo coronavírus. A vítima é uma mulher de 73 anos, com histórico de comorbidades, que estava internada em um dos hospitais da cidade. Com a confirmação do novo óbito, o número de mortes no Estado chegou a 29.
Passo Fundo está em segundo lugar no ranking estadual da propagação da pandemia, tanto em casos confirmados (58), quanto em número de mortes (6). Só fica atrás de Porto Alegre, que tinha, até a manhã desta quinta-feira, 401 casos confirmados, com 10 mortes. Com cerca de 200 mil habitantes, localizado ao noroeste do Rio Grande do Sul, Passo Fundo é uma cidade referência na região por ser pólo universitário, referência de atendimento em saúde e no setor de serviços. Moradores de vários municípios da região circulam diariamente pela cidade.
Nas últimas semanas, lideranças empresariais do município vinham pressionando as autoridades municipais e estaduais pela flexibilização do distanciamento social, apesar dos alertas de especialistas de que ainda é cedo para fazer isso, em função da pandemia não ter atingido seu pico no Estado e estarmos entrando no período de inverno, onde aumentam as doenças respiratórias. Em mensagens de áudio que circularam pelo Whatsapp, empresários criticavam duramente a Prefeitura e o governo do Estado pelas medidas de distanciamento social. Um deles, chegou a propor a realização de uma cavalgada no centro da cidade em defesa da reabertura do comércio.
Em entrevista à rádio Gaúcha, na manhã desta quinta, o prefeito Luciano Azevedo disse “não saber o que está acontecendo” na cidade e cobrou mais atenção por parte do governo do Estado. “O Estado não é só Porto Alegre. Se morreram 10 em Porto Alegre e seis aqui, algo está acontecendo aqui que merece atenção do governador, da secretaria de saúde”, disse o prefeito.
No dia 16 de abril, a Prefeitura começou a relaxar as medidas de distanciamento, permitindo a reabertura de estabelecimentos comerciais nas ruas e mantendo a proibição para shoppings centers e locais fechados.
No dia em que foi anunciada a medida, na página da Prefeitura no Facebook, um morador comentou: “Lamentável, Passo Fundo é a 4° cidade com maior números de casos do estado. Agora vai ficar atrás apenas de POA daqui duas semanas. Sem duvida nenhuma das pessoas que tomou essa decisão trabalha como atendente de uma loja ou caixa. Muito fácil tomar uma decisão dessas quando se está protegido”.
A previsão acabou se confirmando, só que em menos tempo. Em uma semana, Passo Fundo pulou do quarto para o segundo lugar do ranking do coronavírus no Rio Grande do Sul. Na manhã desta quinta, o tom na página da Prefeitura no Facebook ainda era de comedida preocupação: “Se puder, #fiqueemcasa
Caso precise sair, #usemáscara” recomendava o Executivo do município.
Segundo a Prefeitura, por orientação do Comitê de Orientação Emergencial (COE), as medidas de distanciamento social e de flexibilização das mesmas serão avaliadas periodicamente, levando em conta critérios como: a taxa de ocupação dos leitos de UTI para covid-19, a disposição de equipamentos de proteção individual (EPIs) para profissionais da saúde e o número de profissionais da saúde na linha de frente, devido ao expressivo número de afastamentos que têm ocorrido; além dos resultados da pesquisa que está sendo feita em Passo Fundo e mais oito cidades, instrumento que ajuda a mostrar a curva epidemiológica.
