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12 de abril de 2019
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20:49

CPERS aprova estado de greve e pede 28,78% de reposição da inflação

Por
Luís Gomes
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Milhares de professores e funcionários de escolas participaram da assembleia geral do CPERS nesta sexta (12) | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

O Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS) realizou nesta sexta-feira (12) uma assembleia geral para entregar a primeira pauta de reivindicações ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), em seu mandato. Com a participação de 3,5 mil associados, segundo informações do sindicato, foi aprovada a reivindicação de reposição salarial emergencial de 28,78% referente às perdas acumuladas desde o início do governo de José Ivo Sartori (MDB), de realização de concurso público para professores e funcionários e de pagamento em dia dos salários. A assembleia também definiu pela adesão do CPERS às manifestações e paralisações contra a reforma da Previdência.

“Estamos pedindo uma recomposição do salário e os 28,78% é para termos as mesmas condições de compra que nós tínhamos em novembro de 2014. Não é reajuste. Depois, sim, nós queremos discutir com o governo reajuste salarial”, disse a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schurer.

Questionada se a reivindicação de reposição não seria irreal devido à situação das finanças do Estado, Helenir respondeu: “O meu salário é R$ 1.064. Tu acha irreal 28% em cima disso? Nós estamos acompanhando o Diário Oficial, há poucos dias lá na PGE (Procuradoria-Geral do Estado) foi viabilizado um ganho real. O discurso é de crise para um lado que ganha muito pouco e de não tão crise assim para quem tem os melhores salários do Estado. Vinte e oito vírgula setenta e oito (28,78%), para nós, é o mínimo que a gente poderia pedir. Cento e dois ponto nove (102,9%) é o que falta de reajuste para nós recebermos o piso nacional”.

Presidente do CPERS, Helenir defende que a reposição emergencial é necessária para enfrentar o empobrecimento da categoria | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Outra decisão da assembleia do CPERS foi de realizar um dia de paralisação da categoria a cada mês que o governo do Estado atrasar salários. “Nós deveríamos parar bem mais, né? Porque nós temos nesse mês, que só recebemos no dia 10, professores não somente não tinham dinheiro para comprar sua alimentação, como sequer tinham para o ônibus. Então, é um sacrifício muito grande, um endividamento muito grande e um descaso muito grande do Estado do Rio Grande do Sul com os professores e funcionários de escola”, afirma. Esse dia será sempre o primeiro útil após o não pagamento, repetindo-se indefinidamente até que os salários sejam colocados em dia. “A pressa de acabar com essa paralisação agora está no colo do governador”.

Pauta nacional

Um segundo eixo da assembleia foi voltado para a pauta nacional, notadamente a luta contra a reforma da Previdência, a qual a presidente do CPERS classificou como um “escárnio” contra o trabalhador brasileiro. A categoria aprovou aderir ao dia nacional de greve geral convocada pelas centrais sindicais para o dia 15 de maio. “Estaremos na construção da greve geral”, disse Helenir.

Como a data ainda pode sofrer mudanças, a paralisação dos professores poderá mudar de data ou  ainda permanecer caso a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) mantenha uma convocação de paralisação de professores em todo o Brasil para a data. O CPERS também aprovou a adesão às mobilizações convocadas pelas centrais para o dia 1º de maio e um calendário de ações contra a reforma, que se acentuará entre os dias 22 e 29 de abril, a chamada Semana da Educação convocada pela CNTE. Para o dia 24 de abril, está prevista outra paralisação para a participação de ato público estadual em defesa do Instituto de Previdência do Estado (IPE) , em Porto Alegre.

O estado de greve aprovado em assembleia significa que a categoria entra em alerta para aderir a paralisações nacionais contra a reforma da Previdência que vieram a ser convocadas pelas centrais sindicais. Durante o evento, chegou a ser proposta a marcação de uma nova assembleia geral para o início de maio e que fosse apreciada a possibilidade de convocação uma greve específica para as reivindicações estaduais. Vice-presidente do sindicato, Solange Carvalho fez a avaliação de que o sindicato está com “pouca munição” e que não pode queimá-la atirando nas duas frentes ao mesmo tempo. “Se nós atacarmos primeiro a questão estadual, sofreremos uma derrota e perderemos força na questão nacional”, disse.

Assembleia do CPERS também aprovou a adesão à luta contra a reforma da Previdência | Foto: Guilherme Santos/Sul21

A avaliação de lideranças de diversas correntes e internas do CPERS é de que o momento é de união da categoria e que é preciso somar esforços com outros movimentos de trabalhadores na lutra contra a reforma, que, com relação direta à categoria, eleva a idade mínima de aposentadoria de professores da rede pública para 60 anos (hoje em 50 anos para mulheres e 55 para homens) e o tempo de contribuição para 30 anos (hoje 25 para mulheres e já em 30 para homens). Nessa linha de avaliação, em caso de derrota da reforma da Previdência, a pauta estadual ganharia força.

Após a assembleia, os associados do sindicato saíram em caminhada da Casa do Gaúcho até o Palácio Piratini, onde a direção do sindicato esperava se reunir com Eduardo Leite para entregar a pauta de reivindicações. Helenir destacou que, até hoje, todos os governadores receberam a primeira pauta de reivindicações do CPERS em início de governo. “A nossa expectativa é que o governador esteja lá e que a gente possa sair da entrega dessa pauta já com o dia marcado para iniciarmos a negociação salarial”, diz. No entanto, a direção do sindicato acabou sendo recebida pelo chefe da Casa Civil, Otomar Vivian.

A assembleia do CPERS contou com uma grande presença de professores e funcionários de escola do Estado. Segundo o sindicato, vieram do interior 55 ônibus e mais de 20 micro ônibus. A participação total foi estimada em 3,5 mil associados do sindicato.

Confira mais fotos da assembleia do CPERS:

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21
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