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28 de março de 2019
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16:10

Dia Nacional de Luta: estudantes saem às ruas contra desmonte da educação e reforma da Previdência

Por
Sul 21
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“Um, dois, três, quatro, cinco mil. Se aprovar a reforma nós paramos o Brasil!”, gritaram os manifestantes. Foto: Giovana Fleck/Sul21

Giovana Fleck

“Um, dois, três, quatro, cinco mil. Se aprovar a reforma nós paramos o Brasil!”. Na manhã desta quinta-feira (28), milhares de estudantes saíram em caminhada por Porto Alegre se manifestando contra a Reforma da Previdência do governo Bolsonaro (PSL), o aumento das passagens de ônibus, o fechamento de turmas e escolas e pedindo por mais investimentos na educação pública. O ato foi organizado pela União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Porto Alegre (Umespa), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (UGES).

No meio da marcha, Andrielly Silva, estudante do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio José do Patrocínio, segurava com força as duas alças da mochila que continha todos os seus livros didáticos. Em determinado momento, outros estudantes a sua volta começaram a pular e a correr. Como instinto de proteção, Andrielly colocou a mochila para a frente do seu corpo. “Sou a primeira da minha família que terá oportunidade de frequentar uma universidade. O estudo é tudo que eu tenho”, afirma. “Quero ser nutricionista. É um sonho. Por isso estou aqui. Se o estudo for mais precarizado, o que resta para nós?”, questiona.

O ato começou por volta das 9h em frente ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Ali, as deputadas Juliana Brizola (PDT) e Luciana Genro (PSOL) realizaram falas contra a política de fechamento de escolas. Durante o governo Sartori (MDB), dezenas de instituições de ensino estaduais encerraram suas atividades. Além disso, escolas que permaneceram abertas tiveram turmas fechadas e redução de investimentos. “Precisamos da rebeldia da juventude em todas as frentes: contra o aumento da passagem, contra o fechamento de escolas e contra a reforma da Previdência”, enfatizou Juliana.

O ato começou por volta das 9h em frente ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos e seguiu em caminhada até o Centro de Porto Alegre. Foto: Giovana Fleck/Sul21

Ambas deputadas anunciaram a criação da Frente Parlamentar contra o Fechamento de Escolas, se comprometendo a levar para a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul o debate para impedir que mais fechamentos ocorram.

Em três meses de governo Leite (PSDB), a política de educação ainda não foi bem definida. Em entrevista coletiva recente, realizada na Federasul, o atual governador afirmou que pretende “profissionalizar” a pasta no estado. Ele pretende atingir isso a partir da criação da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia, o que afirma que será um de seus “legados”para o futuro do Rio Grande do Sul”.

O CPERS (Centro dos Professores do Rio Grande do Sul) emitiu uma nota definindo a situação da educação no Estado como um “caos planejado”. “Alunos e educadores(as) ainda sofrem com a falta de planejamento e medidas arbitrárias que prejudicam a qualidade do ensino e tumultuam a organização das comunidades escolares”, diz o sindicato. Segundo o CPERS, o Estado pretende que todos os contratos sejam fechados por tempo determinado, além de ter coletado relatos sobre a substituição de concursados por contratados. “Em meio à desorganização, não há qualquer sinal de novos concursos públicos para preencher as inúmeras lacunas de pessoal e retirar contratos emergenciais da precariedade de direitos.”

Dia Nacional de Luta dos Estudantes

O 28 de março marca o Dia Nacional de Luta dos Estudantes. Há 51 anos atrás, a resistência estudantil contra a ditadura militar realizou um ato no restaurante estudantil “Calabouço”, no Rio de Janeiro. O episódio culminou com o assassinato de Edson Luís de Lima Souto, aos 18 anos. De família pobre, natural de Belém (PA), Souto se mudou para o Rio de Janeiro para cursar o ensino médio no Instituto Cooperativo de Ensino. Os estudantes não permitiram que o Instituto Médico Legal (IML) levasse seu corpo, para evitar o desaparecimento pela polícia militar. Em passeata, o levaram para ser velado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

“Esse é um dia histórico de resistência”, disse Gerusa Pena, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). “Esse ano, tem um caráter diferente. Estamos nos primeiros meses de um novo governo que, nitidamente, não governa pelos estudantes. Por isso viemos para as ruas. Está em jogo a nossa aposentadoria e a nossa educação.”

Confira mais fotos:

Foto: Giovana Fleck/Sul21
A estudante Gerusa Pena, membro da UBES. Foto: Giovana Fleck/Sul21
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