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20 de dezembro de 2018
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16:36

CPERS faz ato de despedida a Sartori: “pior governo da história do RS”

Por
Sul 21
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Professores se reuniram em frente ao Palácio Piratini a partir das 10h | Foto: Joana Berwanger/Sul21

Débora Fogliatto

Professores estaduais, com o apoio de servidores de outras categorias, compareceram na manhã desta quinta-feira (20) à Praça da Matriz para celebrar a aproximação do fim do governo de José Ivo Sartori (MDB). O ato organizado pelo Sindicato dos Professores (Cpers) foi intitulado “Deu pra ti, Sartori” e teve como o objetivo mandar o recado contido em mais de um cartaz e faixa: “não vamos sentir saudade”. O funcionalismo tem sido prejudicado pelo governo nos últimos quatro anos com parcelamentos e atrasos salariais que completam 37 meses neste dezembro.

“Nós temos colocado que esse foi o pior  governo da história do Rio Grande do Sul, eu estou há 39 anos no serviço público e não tenho dúvidas disso. Foi um governo que atacou violentamente o serviço público, majorou o ICMS dizendo que era para pagar os salários dos servidores, não pagou a dívida com o governo federal e mesmo assim hoje amargamos 37 meses de atrasos de salário”, resumiu a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer.

Os servidores também mencionaram o futuro governador, Eduardo Leite (PSDB) e suas expectativas para os próximos quatro anos. “Apesar do MDB já ter entrado no novo governo, esperamos minimamente que tenha espaço para diálogo, onde sejamos ouvidos e possamos discutir o que é fundamental para nós, que é a valorização da escola pública, que passa pela valorização do professor”, colocou Helenir. Para Érico Roni Maslinkiewicz Corrêa, presidente do Sindicaixa, destacou que Leite vai ser “uma continuação de Sartori”, mesmo que haja um sentimento de felicidade pela derrota do atual governador. “Sentimos muita alegria e orgulho de termos derrotado Sartori”, mencionou.

A preocupação com o cenário nacional também foi colocada por Érico, assim como por outros servidores e estudantes que se somaram para apoiar os professores. “A gente precisa estar bem organizado para garantir luta nesse próximo período. Temos que voltar a ocupar as escolas quando apresentarem o projeto Escola sem Partido, que é a Escola com Mordaça. A gente precisa garantir que os professores possam dar aula com liberdade, porque a escola é espaço de construção de liberdade e democracia”, apontou o estudante Alejandro Guerrero, do Centro Estudantil Unificado do Instituto Federal de Viamão.

Professores demonstraram “vitória” do funcionalismo sob o governo | Foto: Caco Argemi/ Cpers

O professor Daniel Damiani, da diretoria do Cpers, relatou que o sindicato lançou a campanha Abrace quem Educa, diante dos recentes ataques aos docentes propagados pela direita política. “No dia seguinte à eleição, uma deputada eleita em Santa Catarina estimulou que alunos gravassem aulas, e ocorreram alguns casos desse tipo. Então lançamos essa campanha, que vai contar com depoimentos de estudantes”, contou. O Cpers se reúne nesta tarde com representantes de grêmios estudantis para dialogar e dar continuidade ao projeto de elaboração da cartilha de participação estudantil nas escolas.

Mesmo com um princípio de chuva, o ato seguiu normalmente e ocorreu a apresentação do grupo de dança das professoras e funcionárias aposentadas do 4º Núcleo do Cpers, de Cachoeira do Sul, que foi o vencedor do Desafio da Dança no Encontro Estadual de Aposentados do Cpers. Na coreografia, cinco mulheres negras dançaram com roupas que remetem a tradições africanas e, ao final, todas seguraram uma grande trança colorida e exclamaram: “trança é identidade negra, sinal de luta do povo negro. Trança não só nos cabelos, também nos corações, somos todos irmãos”.

Ocorreu ainda uma segunda performance, na qual alguns servidores se fantasiaram de “morte”, com máscaras e foices, representando as opressões promovidas pelo governo Sartori. Em seguida, um grupo com camisetas e uma bandeira do Cpers chegou para “combatê-los”, tomando conta do cenário. Para finalizar, começa a tocar, no ritmo da música “Bella Ciao”, uma adaptação com a letra “pro Sartori eu vou dar tchau”. Por volta das 12h, começou a ser servido o almoço, feito em duas panelas enormes, composto por polenta com galinha.

Servidores se vestiram representando a ‘morte’ para performance | Foto: Joana Berwanger/Sul21

Empréstimo 13º salário

Os servidores terão que recorrer, assim como nos anos anteriores, a um empréstimo do Banrisul caso queiram receber integralmente seu 13º salário. Quando a medida foi aprovada pela Assembleia Legislativa, no último dia 11, uma emenda do deputado Pedro Ruas (PSOL) foi incluída, possibilitando que os servidores que possuam ação judicial contra o Banrisul ou cadastro de inadimplência também pudessem contrair o empréstimo.

No entanto, os professores relatam que os servidores que se encontram nessas situações têm tido seus empréstimos negados pelo banco. Por isso, o Cpers entrou com uma ação judicial para garantir o direito aprovado pela emenda e já sancionado pelo governador Sartori. Uma liminar favorável ao funcionalismo foi promulgada também nesta quinta-feira (20), determinando que todos os servidores possam obter o empréstimo, conforme determinado na emenda.

“Esse governo termina de forma lamentável, porque eu consegui fazer essa emenda, que foi aprovada por unanimidade e sancionada pelo governador, mas não foi cumprida pelo Banrisul, isso é inacreditável. O governo consegue dar um golpe junto com a direção do Banrisul. E aí não restou às entidades outra alternativa que não fosse buscar no Judiciário o cumprimento da lei. E acho que o governo, portanto, termina de forma melancólica, porque até o final procurou prejudicar trabalhadoras e trabalhadores do nosso Estado”, lamentou o deputado Pedro Ruas, presente no ato.

Veja mais fotos:

| Foto: Caco Argemi/ Cpers
Foto: Joana Berwanger/Sul21
Foto: Joana Berwanger/Sul21
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Foto: Joana Berwanger/Sul21
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