Por Annie Castro
Na Praça da Alfândega, entre lançamentos e clássicos, diversas obras escritas por mulheres estão expostas em quase todas as 105 bancas de livros que integram, desde o dia 1º de novembro, a 64ª Feira do Livro de Porto Alegre. Neste ano, o evento tem como eixos norteadores da programação o feminismo e o protagonismo feminino na literatura.
Além de serem protagonistas nas obras à venda, as mulheres tão também estão presentes nos saraus, oficinas, homenagens, palestras, sessões de autógrafos e na patronagem da Feira. Por meio da ideia da interseccionalidade, a programação busca gerar reflexões acerca do feminismo, das vivências femininas, dando espaço, principalmente, para mulheres LGBTIs e mulheres negras.
Entre a lista das escritoras que abordam essas temáticas e que estarão na Feira do Livro deste ano, está a ruandesa Scholastique Mukasonga, criada na frança e dona de uma literatura bastante marcada pelos conflitos étnicos que ocorreram na África durante os anos 1990 e que ocasionaram o assassinato de sua família. Scholastique é considerada uma das maiores vozes literárias de seu país e tem três livros publicados no Brasil. São eles: “A Mulher dos pés Descalços”, “Nossa Senhora do Nilo” e “Baratas”. Ela esteve na Feira do Livro na tarde de sábado, 10 de novembro.
Também estará nesta edição a norueguesa Marta Breen, co-autora de da graphic novel “Mulheres na luta: 150 anos em busca de liberdade, igualdade e sororidade”, obra que celebra a luta feminista ao redor do mundo. Marta marcará presença na Feira dia 17 de novembro, às 18h. Também dia 17, às 18h30, Paula Anacaona, que debate em suas obras o lugar da mulher negra dentro da sociedade franco-brasileira estará na Feira do Livro. Paula é autora da obra “Tatuou” e criou a editora Anacaona, que já traduziu mais de 40 livros do português para o francês.
A portuguesa Ana Margarida de Carvalho também participará da Feira, dia 11 de novembro, às 18h. A obra “Não se pode morar nos olhos de um gato” é a primeira da autora publicada no país, e fala sobre naufrágios e sobrevivências.
Neste ano, a Feira do Livro tem ainda pela terceira vez consecutiva uma mulher na patronagem do evento. A gaúcha Maria Carpi, um dos maiores nomes da poesia contemporânea brasileira, é a sétima autora a receber o título de patrona da feira do livro, que começou a ter um patrono somente a partir da 11ª edição.
Segundo Isatir Bottin Filho, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, a escolha dos eixos que irão basear a programação da Feira é feita com base nas publicações que estão sendo lançadas e nas temáticas que estão sendo debatidas pela população. “A Feira do livro está sempre muito sincronizada com o momento atual porque a sociedade toda cria em cima desses temas. Atualmente, temos lançamentos de obras dando esse protagonismo ao feminismo. Então, estamos falando aqui sobre feminismo, feminismo negro, genocídio, em refugiados, então a gente tenta buscar esses livros e esses assuntos que são os do momento.”
Embora a Feira seja pautada pelo mercado editorial, Isatir reforça a importância desses temas aparecerem no evento. Segundo ele, a Feira gera o debate e a troca de conhecimento. “Trazemos autores que têm uma visão, debatedores que tem outra, mediadores que entendem do assunto, autores que lançam seus conhecimento”, afirma. O presidente também afirma que a Feira possui um “caráter democrático”, que engloba os mais diferentes tipos de autores e leitores.
Confira mais fotos da Feira do Livro de Porto Alegre:
