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20 de novembro de 2018
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22:07

Com chamado à resistência, ato marca Dia da Consciência Negra em Porto Alegre

Por
Luís Gomes
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Ato do Dia da Consciência Negra ocupou o Largo Glênio Peres no final da tarde desta terça-feira (20) | Foto: Luís Eduardo Gomes/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Resistência, essa foi a palavra que marcou as saudações, as falas e as músicas do ato realizado no final da tarde desta terça-feira (20) no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre, para marcar o Dia da Consciência Negra. Resistência contra os retrocessos e as ações de retiradas de direitos que já ocorrem e se imagina que apenas se acentuarão com a chegada ao poder de Jair Bolsonaro (PSL). Resistência também dos quilombolas, que em Porto Alegre enfrentam ações de reintegração de posse e, em Brasília, as ameaças de que o Decreto 4.887, de 2003, que regulamentou a titulação de terras de suas comunidades, tenha seus efeitos suspensos.

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Esse foi o tom da fala de Ivonete Carvalho, representante da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), destacando que o 20 de novembro deste ano é dia de “dizer não aos retrocessos”. “Dizer não a esse governo que nem assumiu e já está ameaçando os nossos direitos”, afirmou, acrescentando na sequência que a saída dos médicos cubanos do Programa dos Mais Médicos já é um impacto real para a população negra da postura do futuro governo. “Nós sabemos quem serão os afetados nas periferias e nos quilombos”.

Mestre Moa do Katendê foi homenageado no ato | Foto: Luís Eduardo Gomes/Sul21

A resistência dos quilombos foi lembrada por Luiz Rogério Machado Camilo, o Jamaica, representante do Quilombo dos Machados. Ele destacou que a comunidade, localizada no bairro Sarandi, recentemente passou por ameaça de reintegração de posse. Situação vivenciada nesse mês pelo Quilombo Lemos, localizado ao lado do Asilo Padre Cacique, no Cristal, que chegou a ter contra si uma operação da Brigada Militar deflagrada, mas posteriormente suspensa por falta de cumprimento de protocolo operacional. “Todos os dias são de luta e guerra para a população negra, imagina os que virão agora”, disse. “Se não fosse o pessoal do Quilombo Lemos botar suas caras pretas na rua, não ficariam”.

Representante da Frente Quilombola do Rio Grande do Sul, Onir Araújo defendeu que a luta dos movimentos negros não pode ser apenas por integração à sociedade, mas deve ser de combate à estrutura racista da sociedade. “Nossa luta não é evento, não é show, não é pedir esmola para ser integrado num sistema que nos mata, que nos oprime, que gerou as mortes da Marielle e do Mestre Moa do Katendê”, disse, lembrando duas personalidades negras assassinadas em 2018 que também estiveram presentes em homenagens.

Após uma abertura com apresentações de hip-hop e algumas falas, a tradicional Caminhada pela Promoção da Igualdade e de Combate ao Racismo, convocada pelo Movimento Negro Unificado (MNU) e diversas outras entidades, saiu do Largo Glênio Peres por volta das 19h30 em direção ao Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, passando pela Av. Borges de Medeiros.

| Foto: Luís Eduardo Gomes/Sul21
| Foto: Luís Eduardo Gomes/Sul21

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